O médico e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene , 85 anos,
morreu na noite desta sexta-feira (14). Ele estava internado no Hospital do
Coração, em São Paulo, desde o dia 22 de setembro após sofrer um infarto agudo
do miocárdio.
Em maio de 2012, o médico já havia sido internado com dores
no peito. Ele havia passado por um cateterismo e precisou colocar um stent
(prótese metálica para a desobstrução de artérias), na ocasião.
Jatene é diretor-geral do HCor e um dos pioneiros da cirurgia
do coração no Brasil. Ele deixa quatro filhos - os também médicos Ieda, Marcelo
e Fábio, além da arquiteta Iara - e a esposa Aurice Biscegli Jatene.
Acreano de Xarupi, Jatene era filho de um seringueiro
libanês e de uma dona de armarinho. Quando criança, a família se mudou para
Uberaba, em Minas Gerais, e, depois, para São Paulo. Na capital paulista,
estudou na Universidade de São Paulo (USP), formando-se aos 23 anos pela
Faculdade de Medicina. A residência e pós-graduação foram feitas no Hospital das
Clínicas da mesma faculdade, sob a orientação do professor Euríclides de Jesus
Zerbini (1912-1993), pioneiro dos transplantes de coração no país.
Com mais de 20 mil cirurgias no currículo, se destacou
também por ter sido o primeiro a realizar a cirurgia de ponte de safena no
Brasil e por ter inventado aparelhos e equipamentos médicos. Em Uberaba (MG),
lecionou Anatomia Topográfica da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro.
Neste período, construiu seu primeiro modelo de coração-pulmão artificial. Em São
Paulo, trabalhou no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e
como cirurgião no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de
Estado da Saúde.
Na política, apesar de não ter se filiado a partidos, atuou
como secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), no governo de Paulo
Maluf, e duas vezes como ministro, na mesma área, nas gestões Fernando Collor
(1997-1998, por oito meses) e Fernando Henrique Cardoso (1995-1996, por 22
meses). No governo de FHC, criou a Contribuição Provisória Sobre Movimentação
Financeira (CPMF), para ajudar a financiar a saúde brasileira, e deu
continuidade ao projeto dos medicamentos genéricos e ao programa de combate à
Aids. Foi membro da Academia Nacional de Medicina e autor e co-autor de cerca de
700 trabalhos científicos publicados na literatura nacional e internacional.
Dono de uma coleção particular de quadros, com obras de Di
Cavalcanti, Alfredo Volpi e Tarsila do Amaral, presidiu o conselho deliberativo
do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
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