Candidato derrotado em segundo turno à sucessão
presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) aparece com nota zero no ranking
de avaliação da atividade parlamentar divulgado neste fim de semana pela
revista Veja. O ex-governador mineiro foi o único, entre os 77 senadores avaliados,
a não pontuar em 2014 e aparece na última colocação do chamado Ranking do
Progresso, produzido em conjunto pela revista com o Núcleo de Estudos sobre o
Congresso (Necon) do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (IespUerj).
Os senadores Eduardo Amorim (PSC-SE), com 10 pontos,
Lindbergh Farias (PT-RJ), com 9,53, e Armando Monteiro (PTB-PE), com 9,32,
foram os mais bem avaliados. Na Câmara, os três primeiros colocados foram:
Marcus Pestana (PSDB-MG) e Antônio Imbassahy (PSDB-BA), empatados com 10
pontos, e Gabriel Guimarães (PT-MG), com 9,98.
Durante a campanha eleitoral, Veja foi acusada por petistas
de favorecer a candidatura de Aécio ao Planalto e de tentar prejudicar a
reeleição de Dilma. No dia 26 de outubro, quando foi realizado o segundo turno,
a revista foi obrigada pela Justiça eleitoral a publicar em seu site uma notada coligação de Dilma, rebatendo a reportagem de capa daquela semana, que
atribuía ao doleiro Alberto Youssef a declaração de que a presidente Dilma e o
ex-presidente Lula sabiam do esquema do petrolão.
No ano passado, Aécio figurou na 30ª colocação do “Ranking
do Progresso”, com 3,8 pontos. Em 2012, ficou na 14ª colocação, com 7 pontos.
As notas são atribuídas aos parlamentares conforme sua atuação em nove eixos
temáticos, como gestão pública, educação e relações trabalhistas (confira aqui a metodologia).
“São levadas em conta propostas de ajuste na legislação
capazes de contribuir para um país mais moderno e competitivo, segundo a
perspectiva de Veja e da Editora Abril”, explica o cientista político Fabiano
Santos, coordenador do ranking, divulgado pelo quarto ano consecutivo.
O professor do Iesp-Iuperj ressalta que neste ano houve
maior equilíbrio entre parlamentares do governo e da oposição em comparação a
anos anteriores. Se as primeiras colocações ficaram basicamente com
parlamentares do PSDB e do DEM nas edições anteriores, desta vez, entre os 20
mais bem colocados na Câmara, por exemplo, sete são da dupla oposicionista e
sete são dos dois principais partidos da base governista, PT e PMDB. Os seis demais
são do PPS, do PTB, do SD, do Psol e do PMN.
“Tivemos um longo e árduo ano de campanhas para os pleitos
presidencial e legislativo — contaminadas, mais uma vez, por uma sucessão de
escândalos que envolveram a classe política e alguns candidatos-protagonistas.
Senadores e deputados passaram boa parte de 2014 empenhados em levar aos seus
eleitores o resultado do trabalho desenvolvido a partir de 2011″, diz o texto
publicado pela revista.
O Núcleo de Estudos sobre o Congresso desenvolveu uma
metodologia que leva em conta todas as etapas de uma proposição, de sua origem
à votação final, com peso específico em cada uma das fases. Segundo Fabiano
Santos, houve outra especificidade no levantamento deste ano. “Muitos
congressistas se lançaram na disputa para os executivos federal e estaduais.
Isso trouxe pelo menos duas consequências: a) um número pequeno de deliberações
no Congresso, se considerarmos como base o período 2011-2013; b) pouco trabalho
feito por parlamentares que, em outro momento, teriam maior atuação nos
processos decisórios do Legislativo.”
Conteúdo do Congresso em Foco
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