Pelo menos 18 parentes ou pessoas próximas da família dela
foram nomeados por ela para cargos de primeiro escalão em seu secretariado e
para o comando de órgãos estatais. A notícia foi publicada nesta quinta-feira
(8) pelos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Estima-se que os
cargos ocupados por parentes e amigos da governadora somem salários de R$ 398
mil por mês.
Suely escolheu as filhas Daniele e Emília para as pastas da
Casa Civil e do Trabalho e Bem Estar Social, respectivamente. Além delas, Suely
tem como secretária de Educação a irmã, Selma Mulinari. Outro irmão da
governadora, João Paulo Silva, assumiu o cargo de secretário adjunto de
Agricultura e Abastecimento.
Ela também nomeou cinco sobrinhos seus e do ex-governador e
marido, Neudo Campos, para cargos de confiança no primeiro escalão. A lista de
pessoas próximas ao casal que vão trabalhar no governo inclui cunhados e sogros
das duas filhas, além de Giovana Campos, casada com um dos filhos da
governadora, Eduardo.
As indicações são apenas o mais recente capítulo de uma
verdadeira ‘bagunça’ que envolveu as eleições para o governo de Roraima. Neudo
Campos era o candidato ao Palácio Senador Hélio Campos, mas foi barrado pela
Lei da Ficha Limpa. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da
1.ª Região por crime contra a administração pública e também teve suas contas
na gestão estadual rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Assim,
Suely assumiu a cabeça da chapa.
Com a vitória sobre o então governador Chico Rodrigues
(PSB), Suely deixou de lado o discurso de campanha e adotou o nepotismo que
condenava nos adversários. A chapa do candidato à reeleição tinha como vice
Rodrigo Jucá (PMDB), filho do senador Romero Jucá (PMDB). Suely acusava o
parlamentar de querer formar uma oligarquia no Estado, pois teria planos de
fazer do filho candidato ao governo em 2018 - Rodrigues não poderia disputar um
novo mandato se fosse reeleito em outubro.
As indicações de parentes e amigos para os cargos de
confiança têm como base o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que,
embora o nepotismo seja proibido no setor público, há exceções para postos
considerados de natureza política, como secretários estaduais e municipais. A
questão, no entanto, ainda é polêmica e o Ministério Público Estadual informou
que vai analisar as nomeações, todas publicadas em 2 de janeiro.
Fora isso, as nomeações racharam o grupo político vencedor
das eleições. O vice-governador Paulo César Quartiero (DEM) criticou as
escolhas de Suely, em especial a do titular da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Hiperion Oliveira, primo da governadora. Ex-deputado, Quartiero
é um dos arrozeiros expulsos da área indígena Raposa/Serra do Sol, cuja
demarcação foi defendida pelo agora secretário estadual. O vice também se
queixa de não ter sido consultado na montagem da equipe de governo.
Governadora defende indicações “dentro da legalidade”
A assessoria de comunicação do governo de Roraima informou
que os atos de nomeação do secretariado e demais cargos de confiança seguiram
critérios de legalidade, como decreto legislativo promulgado pela Mesa Diretora
da Assembleia, em 28 de dezembro de 2014, ainda na gestão passada. Em nota, o
governo diz que “a escolha do primeiro escalão seguiu critérios de confiança,
capacidade técnica e disposição para reconstruir Roraima. Todos os atos de
nomeação seguiram critérios de legalidade”.
(Com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário