Do blog do Mário Magalhães
Faz meio século, por aí, que Stanislaw Ponte Preta, nome de
guerra de Sérgio Porto, passou a colecionar pérolas da estupidez e da
cretinice, na seleção que batizou como Febeapá, ou Festival de Besteiras que Assola
o País. Naquele tempo, meados dos anos 1960, o cronista costumava fustigar a
nascente ditadura.
A ditadura se foi, Sérgio Porto também, mas não o imortal
Febeapá. Como provam alguns dos ministros do governo Dilma Reloaded.
Nesta segunda-feira, numa entrevista à jornalista Mônica
Bergamo, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, alardeia, faceira que só ela:
“O latifúndio não existe mais''.
Dispenso estatísticas sobre uma das mais obscenas
concentrações fundiárias do planeta, para eleger a tirada da ministra ao
Febeapá 2015. Basta dizer que ela é líder dos… latifundiários. E sem latifúndio
não haveria latifundiário.
Insatisfeita com registro único, Kátia Abreu culpou os
índios por conflitos no campo. Afinal, eles “saíram da floresta e passaram a
descer nas áreas de produção''.
Outro dia foi a vez de George Hilton vestir sua camisa no
time do Febeapá. Pode não ser a dez, mas merece começar jogando. Na posse como
ministro do Esporte, o craque soltou o tirambaço: “Vou tranquilizá-los: posso
não entender profundamente de esporte, mas entendo de gente''.
Há uma vastidão de vocações para quem entende de gente. O
chefe do Ministério do Esporte, contundo, tem de entender profundamente de
esporte _perdão pela obviedade.
O ministro do Planejamento também ganhou seu lugar no novo
Febeapá. Depois de a propaganda da candidata Dilma Rousseff identificar em
Aécio Neves e seu ministro-que-foi-sem-nunca-ter-sido, Armínio Fraga, a
intenção de mudar a regra que tem permitido o aumento real do salário mínimo,
Nelson Barbosa disse na sexta-feira: “Vamos propor uma nova regra para 2016 a
2019″.
A asneira foi tamanha que no sábado, obedecendo à
presidente, o ministro voltou atrás na garfada aos trabalhadores: “Seguirá a
regra de reajuste atualmente vigente''.
Não custa anotar, mais uma vez, o óbvio: se Kátia, Hilton e
Barbosa garantiram, na condição de ministros, seu lugar no Febeapá, é porque
foram convocados por Dilma.
Nesse ritmo, a edição do festival de besteiras de 2015
exigirá mais de um volume.
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