O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), Luciano Coutinho, visitou, nesta quarta-feira (25), senadores
para dissuadi-los de criar uma CPI para investigar operações do banco de
fomento. Após a tentativa de fazer uma nova CPI mista da Petrobras não ter sido
levada adiante, oposicionistas liderados no Senado pelo líder do DEM na Casa,
Ronaldo Caiado (GO), começaram a centrar esforços para instalar uma CPI mista
do BNDES.
A oposição defende uma investigação parlamentar do banco de
fomento para apurar os bilionários empréstimos e operações de créditos
subsidiados feitos pela instituição nos últimos anos, inclusive aqueles
realizados em outros países, como Cuba, Venezuela e Angola. Eles consideram que
também podem, com a CPI, aprofundar investigações contra empresas com negócios
com a Petrobras, que também teriam recebido recursos do BNDES.
Coutinho participou de reuniões em gabinetes de senadores da
base aliada, como integrantes do PMDB, a maior bancada da Casa, com 18
integrantes, e o próprio líder do partido, Eunício Oliveira (CE), e ainda
participou de um almoço no gabinete do senador João Capiberibe (AP), líder do
PSB no Senado.
Os socialistas, que adotaram desde outubro de 2013 uma
postura de independência em relação ao governo Dilma Rousseff com a candidatura
ao Palácio do Planalto de seu ex-presidente Eduardo Campos, morto em acidente
aéreo em agosto passado, foram decisivos para a CPI mista da Petrobras não ter
vingado. Como apenas dois dos seis senadores da bancada apoiavam o pedido, a
comissão formada por deputados e senadores para apurar irregularidades na
estatal não foi adiante por falta de assinaturas mínimas suficientes e hoje
será instalada um colegiado formado exclusivamente por deputados.
Ex-líder do PSB no Senado, Lídice da Mata (BA) afirmou que
Luciano Coutinho conversou no almoço com a bancada do partido sobre
investimentos do BNDES para os próximos anos e detalhou planos regionais e na
área de portos. Ela negou que tenha pedido aos integrantes do partido para não
assinar o requerimento de criação da CPI sobre o banco.
Mas, ainda assim, a senadora do PSB sinalizou ser contrária
a apoiar a comissão de inquérito. "Eu ainda não vi qual é o fato motivador
da CPI. Pessoalmente, não estou muito convencida de abertura de CPI dessa
natureza, acho que esse tipo de comissão não tem dado muito certo no
Parlamento", admitiu Lídice ao Broadcast Político, ao destacar que, para
ela, CPIs temáticas, como da Violência contra a Mulher, por exemplo, têm
surtido mais efeitos do que as relacionadas à corrupção, como foi a CPI do
Cachoeira, da qual participou em 2012.
Um senador do PMDB que se encontrou com Coutinho ontem, mas
pediu para não ser identificado, contou que o presidente do BNDES se colocou à
disposição para estar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para
explicar as operações e disse que a CPI serviria apenas para fazer "embate
político". Esse parlamentar peemedebista convenceu-se a não apoiar a
criação da comissão de inquérito. "Foi uma atitude proativa dele. Para ter
CPI, precisa ter fato determinado, é melhor pedir informação e debater
antes", disse.
Até o momento, apenas 15 senadores assinaram o requerimento
de instalação de uma CPI mista do BNDES. São necessários para a criação pelo
menos 27 apoios de senadores e 171 de deputados.
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