Editorial do O Estado de S.Paulo
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi criado em
2007 pelos bruxos do marketing lulopetista para ser o nome que resumiria o
esforço de desenvolvimento do País na nova era inaugurada pelo então presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Oito anos depois, às voltas com congelamento de
verbas e atrasos nos pagamentos para as construtoras, o PAC consolida-se como
um dos maiores símbolos do fracasso administrativo dos governos petistas,
especialmente o daquela que já foi chamada de "mãe do PAC", a
presidente Dilma Rousseff.
Como se sabe, a situação das construtoras no País não anda
nada fácil. Desde a deflagração da Operação Lava Jato, que desarticulou um
esquema de corrupção envolvendo diretores da Petrobrás e executivos das maiores
empreiteiras, essas empresas amargam prejuízos, correm o risco de perder
negócios com o governo e tratam de demitir pessoal e reduzir investimentos para
enfrentar uma crise que, ao que parece, está só no começo. Já as construtoras
médias, que não figuram entre as investigadas na Lava Jato, sofrem mesmo é com
a incapacidade do governo Dilma de transformar em realidade aquilo que
propagandeia. Como resultado, essas empresas também vêm sendo obrigadas a
dispensar centenas de trabalhadores, transformando o PAC em sinônimo de dor de
cabeça.
Reportagem do Estado (26/2) mostrou que empreiteiras de
médio porte contratadas no âmbito do PAC estão sofrendo para receber o que o governo
lhes deve. Um exemplo é a S.A. Paulista, que está no projeto de transposição do
Rio São Francisco no Ceará, conhecido como Cinturão das Águas, e já demitiu mil
de seus 4 mil funcionários desde dezembro.
"Não temos opção", disse César Afrânio, diretor da
S.A. Paulista. "Estamos sem receber desde outubro. São mais de R$ 20
milhões em atraso, porque o Ministério da Integração não fez o repasse que
devia ao governo estadual." Segundo Afrânio, 800 dos empregados demitidos
trabalhavam nessa obra no Ceará, pois "está tudo parado".
Outra construtora que reclama é a Constran, contratada para
produzir dormentes para a Ferrovia Norte-Sul, uma das principais obras do PAC.
Segundo a empresa, o governo não honra seus compromissos desde novembro, o que
a obrigou a cortar o número de funcionários na obra, de 3 mil para 1,2 mil. No
total, a Constran diz que foi obrigada a reduzir seu quadro de empregados de 12
mil para 6 mil e acusa a Valec, estatal responsável pelo projeto, de lhe dever
R$ 30 milhões. "Vivemos hoje esse pesadelo simplesmente porque o governo
não paga pelo que contratou", disse o presidente da Constran, João Santana
- que recentemente acusou o governo Dilma de usar as investigações da Lava Jato
como desculpa para não pagar o que deve a nenhuma empreiteira.
Os últimos balanços mostram que o PAC se transformou em um
grande programa habitacional, pois seus maiores investimentos estão no Minha
Casa, Minha Vida. Mesmo assim, construtoras envolvidas no Minha Casa também se
queixam há tempos de atrasos nos pagamentos. Recentemente, ao entregar mais
unidades habitacionais do programa, Dilma garantiu que o ajuste fiscal não vai
prejudicar o Minha Casa. Para demonstrar essa disposição, um bom começo seria
pagar em dia os fornecedores.
Segundo a Associação Paulista de Obras Públicas, o governo
já pendurou R$ 5 bilhões em dívidas com as empreiteiras, e essas empresas se
viram obrigadas a demitir cerca de 40 mil trabalhadores desde o fim do ano
passado. E a situação tende a piorar, porque o governo decidiu bloquear R$ 32
bilhões de despesas do PAC até julho, quando então decidirá quais obras
permanecerão no programa e quais serão descartadas.
O esfarelamento do PAC, que está em sua segunda fase sem ter
terminado as obras da primeira, não parece constranger Lula, criador do
programa e da "mãe" do programa. Para o ex-presidente, conforme
relataram peemedebistas que com ele se encontraram ontem, está na hora de se
pensar num PAC 3. Afinal, o único limite para as imposturas lulopetistas é
mesmo a imaginação do chefe.
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