A Mesa Diretora da Câmara resolveu, nesta quarta-feira (25),
liberar o uso de dinheiro público para transportar os cônjuges de deputados e
deputadas entre suas cidades de origem e Brasília. Com a decisão, mulheres e
maridos de parlamentares poderão utilizar a cota de passagens aéreas da Casa,
restrita desde 2009 a deputados e assessores em viagens decorrentes do
exercício do mandato. A medida foi tomada, na época, para acabar com a chamada
farra das passagens aéreas, revelada pelo Congresso em Foco.
A liberação da verba para familiares foi reivindicada por um
grupo de esposas de deputados durante a campanha de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em
encontro promovido pela ex-deputada Nilda Gondim (PMDB-PB), em João Pessoa, ele
ouviu o pedido e se comprometeu a levar a proposta adiante. Eduardo Cunha se
elegeu presidente da Câmara com 267 votos. Dos titulares da Mesa, apenas a
terceira e o quarto-secretários, Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Alex Canziani
(PTB-PR), votaram contra a mudança. Suplentes, Luiza Erundina (PSB-SP) e
Mandetta (DEM-MS) também se posicionaram contra a medida, apoiada pelos demais
integrantes do colegiado.
O compromisso assumido por Eduardo Cunha vai ser bancado
pelos cofres públicos. O peemedebista alega que o impacto será nulo, porque não
haverá aumento no valor do benefício, que varia de estado para estado. Mas
parlamentares que não utilizam toda a verba a que tem direito ao longo de um
mês poderão utilizar as sobras com o transporte do cônjuge.
Na última legislatura, que se estendeu de fevereiro de 2011
a janeiro de 2015, a Câmara gastou mais de R$ 131 milhões apenas com as
passagens aéreas dos deputados por meio da Cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar (Ceap), o chamado cotão.
Os gastos com passagens aéreas compõem a segunda maior
despesa do cotão na legislatura passada, atrás apenas da divulgação do mandato,
que consumiu mais de R$ 135 milhões. Nos últimos quatro anos, a Ceap sugou mais
de R$ 671 milhões, como mostrou a Revista Congresso em Foco.
Farra das passagens
Em 2009, o Congresso em Foco revelou em uma série de
reportagens como deputados e senadores utilizavam a cota de passagens aéreas
para voar com dinheiro público, transportando familiares, amigos, eleitores e
até artistas, principalmente para destinos turísticos.
O uso indiscriminado e abusivo da cota de passagens aéreas
alcançava parlamentares de todos os partidos, do presidente da Câmara à época
até os congressistas menos conhecidos. Diante da repercussão do caso, as Mesas
Diretoras da Câmara e do Senado revisaram as regras, proibindo o transporte de
parentes e as viagens internacionais e restringindo o benefício a parlamentares
e assessores. Na época, a economia anunciada com a mudança nas normas passava
dos R$ 25 milhões.
Conteúdo do Congresso em Foco
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