O ex-ministro da Educação Cid Gomes (Pros) morou em Brasília
nos últimos dois meses e meio numa casa locada pelo Governo do Ceará de aluguel
mensal entre R$ 15 e 19 mil reais. A residência, situada no Lago Sul, bairro
nobre da Capital Federal, faz parte dos gastos do Executivo desde 2011 e abriga
as instalações da Coordenadoria de Representação em Brasília (Coreb), conforme
o Portal da Transparência. O fato foi denunciado pela revista Época na última
semana.
O Governo do Estado, em nota, afirma que o ex-governador
“utilizou um cômodo do escritório enquanto aguardava o imóvel funcional do
Governo Federal a que tinha direito, que estava em reforma”. A nota ressalta
que é comum aos Estados manterem escritório de representação em Brasília.
Em geral, ministros se instalam em residências do Governo
Federal no Lago Sul ou pagam aluguel com verba da União. A assessoria do
ex-ministro não quis se pronunciar sobre o assunto e orientou a reportagem a
procurar o Governo do Estado para esclarecimentos.
O imóvel foi contratado ainda na gestão de Cid Gomes para
ser “a sede das instalações da residência oficial de Representação do Governo
do Estado do Ceará”. Dentre outros espaços, a casa é equipada com garagem para
três carros, quatro quartos, sauna, piscina e sala de TV.
Custos
O aluguel do escritório, de responsabilidade da Casa Civil,
já custou aos cofres públicos R$ 347.918,00 desde 2013 até março deste ano. Em
janeiro de 2014, a parcela de R$ 15 mil foi ajustada para R$ 17.584,99,
conforme aditivo ao contrato. No Portal da Transparência, os aluguéis foram
pagos em valores de R$ 15 mil até dezembro de 2013, de R$ 15.826,50 até
dezembro de 2014 e de R$ 19 mil em fevereiro e março de 2015.
Não há registros dos valores do aluguel entre 2011 e 2012.
No entanto, o Portal da Transparência apresenta custos com vigilância armada no
local desde 2011. Gastos com o serviço já somam R$ 856.213,30. A soma de
aluguel, serviços de manutenção, seguro contra incêndio, dedetização e Internet
banda larga dispenderam R$ 1,3 milhão de dinheiro público, conforme o Portal.
Na quarta-feira, 18, quando Cid foi à Câmara dos Deputados
explicar a acusação de que lá “há 300,400 achacadores” , a residência estava
lotada pela delegação cearense que foi acompanhar o pronunciamento do
ex-governador. O relato consta na revista Época.
Com Cid, estavam o governador Camilo Santana (PT), o
presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (Pros), o prefeito de
Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), entre deputados e secretários. Na data, Cid
deixou o ministério e a casa e voltou para o Ceará.
NÚMEROS
1,3 milhão de reais é o custo de aluguel e serviços na casa
do Governo desde 2011
147 mil reais é o valor gasto com manutenção na casa desde
2012
Saiba mais
Escritório
A descrição da casa no contrato com a locatária Elo
Empreendimentos afirma que o imóvel é composto, no primeiro pavimento, por
salão em três ambientes, escritório, lavabo, sala de TV, adega, copa, cozinha
com armários, duas dependências de empregados, área de serviço coberta, garagem
para três carros, piscina aquecida, sauna, churrasqueira e área verde. No
segundo pavimento, o imóvel tem sala íntima, quatro quartos, sendo um com
varanda, duas suítes com hidromassagem, closet e banheiro social.
Polêmica
Cid Gomes deixou o Ministério da Educação, na quarta-feira,
18, após menos de três meses na pasta. A afirmação de que na Câmara há
“achacadores” desgastou sua relação com o Legislativo. Na audiência em que ele
deveria explicar a acusação, houve bate-boca. Depois de ser chamado de
“palhaço”, ele se ausentou do Plenário acompanhado por políticos do Ceará e se
encaminhou ao Palácio do Planalto para formalizar sua exoneração.
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