Do O Povo
O ex-ministro Cid Gomes recebeu salário superior ao teto do
funcionalismo público nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. Ele acumulou
vencimentos de um órgão estadual e outro federal. Funcionário da Assembleia
Legislativa do Ceará desde 1985, o ex-governador entrou nas folhas de pagamento
da Casa e do Ministério da Educação (MEC).
O procurador do Ministério Público de Contas (MPC), Gleydson
Alexandre, afirma que a remuneração cumulativa para cargos efetivos e
comissionados (nomeação temporária) é permitida por lei.
“Em tese, ele está de acordo com a legislação. Normalmente,
cargos comissionados não ganham muito, por isso não se exige que o servidor
abdique de seu salário efetivo”, explica o procurador.
No entanto, a soma dos dois vencimentos acabou ultrapassando
o teto do funcionalismo público, estabelecido em R$ 33.763 desde janeiro. O
valor toma por base o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como ministro da Educação, cargo que ocupou de 1º de janeiro
a 18 de março, Cid recebeu R$ 30.934,70 mensais. Na Assembleia, ele teve
remuneração bruta de R$ 3.171,17 no mês de janeiro, na função de engenheiro, e
R$ 2.882,88, em fevereiro, como analista.
Os acúmulos dos vencimentos atingem R$ 34.105,87 e R$
33.817, 58, respectivamente. Por tanto, o valor total pago pela máquina pública
ao ex-ministro está acima do permitido por lei.
A reportagem tentou contato com Cid Gomes, mas o ex-ministro
não foi localizado para comentar a remuneração irregular.
Cedido
O status atual de Cid, conforme folha de pagamento da
Assembleia, consta como “disposição de outro órgão”.
A assessoria informa que, em 7 de janeiro de 2015, o
presidente da Casa, Zezinho Albuquerque (Pros), escreveu carta de “cessão” que
liberava o servidor para o MEC.
No documento, ficou acordado que cada órgão seria
responsável por remunerar Cid Gomes, de forma independente.
Saiba mais
O ingresso de Cid
Gomes como servidor da Assembleia não se deu por meio de
concurso público. Além dele, várias outras pessoas foram admitidas no quadro
permanente de funcionários da Casa em 1985.
A prática de distribuição de cargos comissionados no “Quadro
Temporário”, conhecido como “Trem da Alegria”, era comum no País.
Na época, o irmão de Cid, Ciro Gomes (Pros), era deputado
estadual e propôs emenda para abolir a distribuição de cargos e abrir concursos
públicos, com a condição de que servidores temporários com contratação até 18
de julho de 1985 fossem efetivados. Cid foi contratado em 26 de fevereiro
daquele ano.
A partir da Constituição de 1988, a distribuição aleatória
de cargos passou a ser ilegal e os concursos públicos se tornaram a forma de
ocupar vagas efetivas.
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