O ano era... 1988, Zé Prado concorre pela terceira vez a
prefeitura de Sobral (CE), foi a campanha mais difícil de sua carreira
política. Seu principal adversário era o administrador da Santa Casa de
Misericórdia de Sobral, Padre José Linhares Ponte.
A candidatura de Zé Prado não tinha o apoio do recém “Governo
das mudanças” e nem do governo municipal – apesar de ter como candidato a vice,
Ricardo Barreto, sobrinho do prefeito Joaquim Barreto – as pesquisas de
intenção de voto realizadas na cidade, Padre Zé liderava e a tendência nos
distritos repetia a da sede.
A campanha era o verde (Padre Zé) contra o azul (Zé Prado),
com o slogan “É Zé contra Zé. É Zé Prado que o povo quer” e apoiado
principalmente pela pobreza, Zé Prado arregaçou as mangas da camisa e visitou
todos os bairros e distritos de Sobral. Ele visitou até a casa de eleitores
adversários.
Essa campanha foi agressiva, insultos surgiam de todos os
lados contra Zé Prado; inúmeros adjetivos pejorativos brotavam a cada dia; ‘bagaceira’
era o mais frequente, mas Zé Prado sempre empenhou a bandeira branca às suas
campanhas e nunca guardava mágoa ou rancor de ninguém.
O coração de Zé Prado parecia ser de manteiga ou pudim;
nessa campanha, afirmou em entrevista que se sentia constrangido pelo fato de
disputar com um padre. Zé Prado tinha um pensamento que jamais se deve mexer
com um padre, pois acreditava em castigo divino.
A campanha do verde contra o azul chegou ao fim e para surpresa
de todos, Zé Prado, o candidato da bagaceira que não tinha o apoio dos governos municipal e estadual, venceu a
eleição, com maioria em 87% das urnas.
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