O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, classificou nesta
segunda-feira, 4, como "infundada" a denúncia, agora sob investigação
do Ministério Público Federal, de que o ex-presidente Lula exerceu tráfico de
influência para liberação de empréstimos por parte do banco de fomento. Segundo
ele, é "absolutamente impossível qualquer tipo de ingerência" nos
processos decisórios da instituição.
"A hipótese é infundada, dados os processos impessoais,
técnicos, de avaliação, de decisão colegiada em todas as instâncias e, além do
mais, da avaliação de riscos e das garantias em todo e qualquer empréstimo do
BNDES, e isso inclui operação de exportações", afirmou em entrevista à
imprensa após a cerimônia de abertura da 2ª Feira Internacional do Plástico
(Feiplastic), na capital paulista.
Conforme revelou a revista Época na edição desta semana, o
MPF abriu investigação para apurar se Lula praticou tráfico de influência em operações
do BNDES. Coutinho avaliou que a matéria carece de fundamento e disse que
"encaramos com tranquilidade, porque não há qualquer tipo de ingerência
(nas operações do banco), de quem quer que seja".
O presidente do BNDES ressaltou que está em tratativa com a
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para revisar as condições pelas
quais o banco de fomento pode liberar informações relacionadas a comércio
exterior. "Queremos adotar práticas mais avançadas de transparência",
afirmou, ponderando que outras agências internacionais não detalham essas
operações, porque muitas vezes envolvem segredos comerciais.
Ele ressaltou que a instituição considerada mais
transparente é o US Exim (Banco de Exportações e Importações dos Estados
Unidos), que "tem práticas muito parecidas com a que nós já temos".
"Vamos aprofundar, porque queremos tornar mais transparente", disse,
lembrando que o banco também analisa uma revisão da classificação específica
das operações com Angola e Cuba.
Questionado se o banco teme a instalação de uma CPI na
Câmara, Coutinho disse que não iria comentar algo que ainda estava no mundo das
hipóteses. O movimento pela instalação do colegiado ganhou força nesta semana,
após a divulgação da investigação do MPF. A oposição espera contar com apoio do
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para emplacar a criação da CPI.
Crise
Coutinho evitou comentar sobre como a instituição pretende
equacionar a captação de recursos em 2015 diante do ajuste fiscal na economia
brasileira, mas disse crer que o banco de fomento conseguirá "atravessar
bem o ano".
"Houve uma desaceleração de consultas, então, creio que
conseguiremos atravessar bem o ano de 2015, atendendo às nossas
necessidades", afirmou. Ele destacou que o banco não exercerá
"pressão sobre a dívida pública". "Isso já é uma premissa",
disse.
Questionado sobre possível captação de R$ 15 bilhões este
ano no mercado interno e externo, como revelou o Broadcast, serviço de notícias
em tempo real da Agência Estado, semana passada, Coutinho não confirmou a
operação. "É um pouco prematuro. Temos de esperar acalmar o mercado",
declarou, explicando que a estratégia de captação do BNDES depende das
circunstâncias do mercado. "Nossa estratégica de captação depende de
circunstância de mercado. Sempre fizemos captação no melhor momento, quando
liquidez e o custo estão mais favoráveis", afirmou.
O executivo informou ainda que a retirada da ressalva pela
KPMG relacionada às perdas do banco acarretadas pela desvalorização da
Petrobras depende ainda da divulgação do plano de negócios da estatal.
"Era uma ressalva transitória. Depende do balanço e do plano de negócios.
Uma condição, portanto, ainda não foi atendida", explicou.
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