Boatos de suicídio no Alvorada, suspeita de bombas no
Planalto, um patético habeas corpus preventivo contra a prisão do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Lula falando poucas e boas contra a sucessora, o
governo e o PT. A presidente Dilma Rousseff passando vexame com milho, mandioca
e “mulher sapiens”. Não bastasse, a Polícia Federal na cola de Fernando
Pimentel, amigão da presidente e governador do principal Estado administrado
pelo PT.
Definitivamente, o mar não está para peixe e o ambiente
político não está nada favorável nem para Lula, nem para Dilma, nem para o
partido de ambos. No volume morto, eles se esforçam para tentar sobreviver.
Lula: debatendo-se, gritando contra a imprensa, as elites e
agora também contra Dilma e o PT, para reanimar a desmilinguida militância
petista. Dilma: viajando para bem longe, encontrando-se com Barack Obama e
fingindo (até para ela mesma) que tudo está na mais santa paz. O PT: armando-se
até os dentes e conspirando contra a sua presidente, o seu ministro da Fazenda
e a política econômica do seu próprio governo.
É nesse ambiente já tão hostil que explodem revelações
chocantes da Lava Jato e dados econômicos de amplo alcance e demolidores para
qualquer governante e qualquer governo, ainda mais para uma governante com
alarmantes 65% de rejeição e um governo bombardeado pelo seu próprio partido, o
PT, e pelo seu principal aliado, o PMDB.
O Banco Central acaba de rever para baixo a previsão de
crescimento em 2015, trabalhando agora com uma recessão de 1,1%. Como acaba de
rever a previsão de inflação do ano para cima, já admitindo desastrosos 9%.
Logo, Dilma, que jamais chegou nem perto da meta de 4,5% no primeiro mandato,
ultrapassa em muito o próprio teto da meta, de 6,5%, no segundo. Para uma
economista, é um feito e tanto!
É óbvio que, em não se tratando de jabuticabas, esse
desarranjo macroeconômico acabaria corroendo os postos de trabalho. E está
corroendo. Pelo insuspeito IBGE, o desemprego já está em 6,7%, enquanto o
rendimento médio em maio caiu 5% em relação ao mesmo mês de 2014. É a maior
queda em 11 anos. Aliás, Dilma bate recorde em cima de recorde negativo na
inflação, no crescimento, no desemprego...
Detalhe: esses são os indicadores mais políticos da
economia, porque afetam diretamente o bem-estar das famílias e, portanto, o
humor do eleitorado. Estando ruins, Dilma não tem condições de ficar bem.
E o que falar das contas públicas? Bem, o governo Dilma
Rousseff conseguiu nos cinco primeiros meses do segundo mandato produzir o pior
superávit fiscal desde 1998. Resultado de um desequilíbrio que foi
particularmente descarado no ano eleitoral de 2014 e é mantido até hoje: gastos
altos, arrecadação em baixa.
É exatamente aí que entra a inestimável contribuição do
Congresso para a bagunça geral. Primeiro, trocou o fator previdenciário por uma
nova fórmula. Agora, estende o reajuste do salário mínimo a todos os
aposentados. Os cofres da Previdência Social suportam esse tranco? Dilma vetou
o cálculo previdenciário e terá de vetar a ampliação do reajuste do mínimo para
aposentados, com inevitável desgaste político.
A chance de Dilma recuperar alguma popularidade, um pouco de
respeito no PT e um mínimo de piedade do PMDB é revertendo a tendência da
economia. Mas como, se as pesquisas, os ataques do PT e as investidas do PMDB
no Congresso são exatamente os piores inimigos da política econômica do
governo?
Diante de tudo isso, fica aquela sensação incômoda de que
Obama, ao encarar Dilma olho no olho, reunir-se com ela, dar entrevista na Casa
Branca ao seu lado e assinar uma penca de acordos e protocolos bilaterais,
estará pensando: será que essa Dilma manda alguma coisa? Será que chega ao fim
do mandato? Ou será que todos esses salamaleques aqui são uma baita perda de
tempo, só para brasileiro ver?
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