Da Veja
O documento abaixo reproduz a movimentação de uma conta
secreta na Suíça aberta pelos empreiteiros para pagar propina. Segundo Ricardo
Pessoa, foi dela que saíram 2,4 milhões de reais que reforçaram o caixa da
campanha do ex-presidente Lula em 2006 - dinheiro desviado dos cofres da
Petrobras que chegou ao Brasil em uma operação financeira totalmente
clandestina e ilegal. O delator contou que a UTC, a Iesa, a Queiroz Galvão e a
Camargo Corrêa formavam o consórcio que venceu a licitação para construir três plataformas
de petróleo. Como era regra na estatal, um porcentual do contrato era
obrigatoriamente reservado para subornos. A conta foi criada para o
"pagamento de comissionamentos devidos a agentes públicos em razão das
obras da Petrobras, ou seja, o pagamento de propinas", disse Pessoa. Ela
também ajuda a dificultar o rastreamento de corruptos e corruptores. Foi dessa
fonte clandestina que saiu o dinheiro que ajudou Lula a se reeleger.
Para comprovar a existência da conta secreta, o empreiteiro
apresentou ao Ministério Público extratos com as movimentações. Batizada de
"Controle RJ 53 - US$", a planilha registra operações envolvendo 5
milhões de dólares em pagamentos de propina. Além de financiar o caixa dois de
Lula, a conta suíça foi utilizada para pagar os operadores do PT na Petrobras.
Entre as movimentações listadas pelo empreiteiro estão pagamentos ao ex-gerente
de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos responsáveis pela coleta das
propinas destinadas ao PT. Os repasses à campanha de Lula foram acertados entre
Ricardo Pessoa e o então tesoureiro petista, José de Filippi. Era o próprio
empreiteiro que levava os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha em São
Paulo. A entrega, como VEJA revelou em sua edição passada, era cercada de
medidas de segurança típicas de organizações criminosas. Ao chegar à porta do
comitê, o empreiteiro dizia a senha "tulipa". Se ele ouvia como
resposta a palavra "caneco", seguia direto para a tesouraria. Se
confirmados pela Justiça, os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de
que o ex-presidente Lula também foi beneficiado diretamente pelo petrolão.
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