A viagem de nove dias do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e outros 13 deputados por Israel, pelo território palestino e pela
Rússia, em junho deste ano, custou cerca de R$ 395 mil aos cofres públicos. As
despesas foram com passagens aéreas, taxas de embarque e diárias para
hospedagem e alimentação. Alguns deputados utilizaram o dinheiro da cota
parlamentar destinada a despesas com passagens aéreas e, por isso, a Câmara
calcula que os custos da missão são de R$ 347 mil.
A Câmara informou não ter pagado as despesas das sete
mulheres dos parlamentares, inclusive a de Cunha, e de amigos deles que
acompanharam a missão. A Casa disse ainda que a parte turística da viagem foi
paga pelos anfitriões.
Além de Cunha, levaram suas mulheres os deputados Átila Lins
(PSD-AM), Beto Mansur (PRB-SP), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Rubens Bueno (PPS-PR).
Os líderes Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Maurício Quintella (PR-AL), Jovair
Arantes (PTB-GO) e Mendonça Filho (DEM-PE), Gilberto Nascimento (PSC-SP),
segundo-suplente da Mesa Diretora, foram desacompanhados. Os líderes André
Figueiredo (PDT-CE) e Arthur Oliveira Maia (Solidariedade - BA) integraram a
comitiva com suas mulheres apenas na Rússia. Também participaram da viagem os
deputados André Moura (PSC-SE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Também participaram da viagem um assessor de imprensa, um
agente de segurança e o primeiro-secretário da Assessoria Especial de Assuntos
Federativos e Parlamentares do Ministério das Relações Exteriores, Renato
Pinheiro do Amaral Gurgel.
Na época da viagem, a Câmara informou que faziam parte da
"delegação acompanhante" o Pastor Everaldo (PSC), ex-candidato à
Presidência da República e amigo de Cunha. Gustavo Carvalho dos Santos e Arnon
Velmovitsky são, segundo o presidente da Câmara, membros da comunidade judaica
no Brasil e arcaram com as próprias despesas.
De acordo com a Câmara, o valor de R$ 394.836,13 refere-se à
soma dos valores totais de passagens (R$ 271.577,88), diárias (R$ 113.462,85) e
adicional de embarque e desembarque (R$ 9.795 40), o que totalizou R$
394.836,14. No entanto, ainda de acordo com a Câmara, cinco deputados -
Leonardo Picciani, Maurício Quintella, Jovair Arantes, Arthur Oliveira Maia e
Rodrigo Maia - utilizaram recursos da cota parlamentar para pagar parte de suas
passagens. A Câmara informou que, com isso, R$ 346.763,49. Eduardo Cunha disse
ter dispensado as diárias, mas gastou R$ 32.996,50 com passagens na classe
executiva.
Turismo
Além de reuniões oficiais com políticos israelenses
palestinos, o roteiro da viagem incluiu visita ao Museu do Holocausto, a
Jerusalém Oriental e Belém e passeio de um dia inteiro na região norte de
Israel (Mar da Galileia, Lago Tiberíades, Nazaré).
Na Rússia, a delegação mesclou a agenda do encontro de
parlamentos do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul, com programação turística, que incluiu visita ao Kremlin, à Galeria
Tretiakov, sessão do Balé Lago dos Cisnes, no teatro Bolshoi, e passeio de
barco pelo rio Moscou. A presidência da Câmara informou que as atividades
culturais foram realizadas no final de semana e a convite dos anfitriões, que
montaram a agenda.
Em Israel, o grupo ficou hospedado no hotel Waldorf Astoria
de Jerusalém, cujas diárias variavam entre US$ 530 a US$ 1.450 - algo em torno
de R$ 1.650 e R$ 4.500 à época. Na Rússia, a hospedagem foi no Hotel
Marriott-Aurora, onde as diárias variavam ao equivalente, naquele momento,
entre R$ 645 e R$ 7.770.
Outro lado
De acordo com a Câmara, o que ultrapassou o valor da diária
(algo entre US$ 428 e US$ 500) foi pago pelo próprio parlamentar. A Câmara nega
que o fato de os deputados estarem acompanhados pelas mulheres encareça a
missão. "Não há gastos indiretos. O valor da diária não muda se o
parlamentar estiver acompanhado. Ele terá que arcar com os custos de
acompanhantes", informou a Casa em nota.
"Sobre custos, ressaltamos que a Câmara dos Deputados,
neste ano apresenta o menor gasto acumulado comparado com anos anteriores.
Nesta linha, duas missões foram conciliadas numa única viagem para maior
economicidade", disse o comunicado da Câmara.
Ainda de acordo com a Casa, a missão oficial marcou dois
importantes momentos da diplomacia parlamentar, pois, além dos encontros com
líderes internacionais, houve assinatura de documentos como a 1ª Declaração do
Brics no âmbito do Legislativo, através da qual os parlamentos dos cinco países
se comprometeram a defender a reforma de mecanismos globais de segurança.
Também foi anunciada a criação de uma comissão mista no Brasil para acompanhar
assuntos relacionados ao bloco econômico.
Com informações da Agência Estado, via Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário