Artigo de Roberto Freire, Diário do Poder
Um muro metálico instalado para isolar os cidadãos durante o
desfile pelo Dia da Independência, na última segunda-feira (7), representa com
precisão a que ponto chegou o isolamento de Dilma Rousseff e de um governo
rejeitado pela esmagadora maioria dos brasileiros. O fiel e decadente retrato
do Sete de Setembro presidencial mostrou ao país uma chefe de governo que já
não governa, uma líder sem autoridade, uma comandante que já não comanda coisa
alguma e tem medo do povo.
A estrutura formada por placas de aço, apelidada de “Muro da
Vergonha” pelas pessoas que tentavam e foram impedidas de acompanhar a parada
cívico-militar em Brasília, foi construída sob medida com o intuito de
preservar Dilma de vaias, panelaços e qualquer tipo de manifestações que se
tornaram corriqueiras nos últimos tempos. Trata-se, afinal, uma presidente que
não pode sair às ruas ou se pronunciar sem ouvir em alto e bom som a indignação
dos brasileiros contra o estelionato eleitoral do qual foram vítimas.
Como se não bastasse ter isolado a população e restringido
os lugares nas arquibancadas para convidados, Dilma não teve coragem de
convocar a tradicional cadeia de rádio e televisão, por meio da qual os
presidentes da República historicamente se dirigem à nação em datas
comemorativas. O Planalto optou apenas por veicular nas redes sociais um vídeo
curto com um depoimento de Dilma, sem alarde, para que os panelaços não se
repetissem, o que dá a dimensão do acuamento do atual governo.
Nunca antes neste país, como costuma dizer Lula, um “muro da
vergonha” separou os cidadãos do presidente do país na parada de Sete de
Setembro. Reeleita graças às mentiras, aos ataques desqualificados contra os
adversários e ao dinheiro sujo desviado da Petrobras, Dilma enganou a população
e agora não tem grandeza moral para olhar nos olhos dos brasileiros. Não se
trata de esboçar um pífio “mea culpa” sem nenhuma convicção ou de jogar sobre
os ombros do Congresso Nacional a responsabilidade por encontrar uma solução
para o descalabro nas contas públicas – mas de reconhecer que se perderam as
condições políticas e a credibilidade necessárias para governar.
Sob o comando de Dilma e do PT, a população continuará não
se sentindo representada. Por mais que se construam muros de proteção, a
presidente da República jamais estará a salvo dos protestos cada vez maiores e
que pedem a intervenção constitucional do impeachment. Como se viu no Sete de
Setembro, mesmo impedidas de assistir ao desfile, muitas pessoas mandaram seu
recado por meio do já tradicional Lula inflável batizado de “Pixuleco”, desta
vez acompanhado por um outro boneco que retratava Dilma com um nariz de
Pinóquio – uma alusão provocativa às mentiras contumazes contadas pela
presidente.
A experiência histórica ensina que muros são bons quando
derrubados, jamais quando construídos. Não é erguendo barreiras, afastando a
população ou se encastelando no Palácio do Planalto que Dilma Rousseff
conseguirá recuperar a credibilidade e a autoridade moral que se esvaíram em
meio ao descalabro e à corrupção sem fim do lulopetismo. O Brasil acordou e
está de pé para exigir outros caminhos. Somente um novo governo será capaz de
derrubar os muros da vergonha e fazer ruir o castelo de cartas construído pelo
PT nos últimos 13 anos.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente
nacional do PPS
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