Por Murilo de Aragão, Blog do Noblat
O governo vive um surto de delírio político e parece não ter
noção dos riscos que corre. Não se trata apenas do impeachment que, no final
das contas, poderá ser consequência do delírio.
O problema é a completa descoordenação de iniciativas,
visões deficientes e precária coordenação política. A natimorta CPMF é um bom
exemplo. A iniciativa brotou sem prévio acerto com setores chave.
Não foi acertada com Michel Temer, que reagiu mal ao seu
anúncio, informando à presidente que a ideia não contaria com seu apoio, o que,
diante do veto da opinião pública, sepultou a iniciativa.
A trombada da CPMF mostra mais uma vez a incapacidade
ideológica e operacional do governo para criar consensos. O que permite o
trânsito de diferentes percepções sobre a crise, enfraquecendo a narrativa do
governo.
A questão do downgrade pilotada pelas agências de risco
revela outra discrepância. Setores do ministério do Planejamento e da Casa
Civil não consideram o tema essencial. Reduzem o impacto devastador que isso
pode ter junto ao setor privado e na captação de empréstimos e oferta de bônus
no exterior.
Nem o governo, como um todo, nem o mundo político dão a
devida importância ao problema. Pior, as divergências no campo orçamentário dão
a certeza de que o "governo jogou a toalha" no combate ao déficit público. Outro grave
equívoco que sinaliza tanto incompetência quanto incapacidade de fazer um
diagnóstico preciso.
Por último, há o constrangimento a questão da coordenação
política. Ao excluir Temer dos debates, Dilma sinaliza que não o quer por
perto. Porém, se o cenário já estava ruim com Temer, sem ele pode se tornar
insustentável.
Fica claro o estado de confusão do Planalto, perdido diante
do bombardeio vindo de várias frentes, sem saber o que fazer, o que dizer, o
quê e como articular. A situação terá que piorar antes de começar a melhorar. E
com isso alimentar um novo surto de desconfianças sobre a capacidade de
governabilidade da presidente.
Enfim, o governo precisa ser urgentemente reformatado antes
que o que lhe resta de apoio termine desaparecendo de forma inexorável.
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