quinta-feira, 3 de setembro de 2015

PIORAR ANTES DE MELHORAR

Por Murilo de Aragão, Blog do Noblat
O governo vive um surto de delírio político e parece não ter noção dos riscos que corre. Não se trata apenas do impeachment que, no final das contas, poderá ser consequência do delírio.
O problema é a completa descoordenação de iniciativas, visões deficientes e precária coordenação política. A natimorta CPMF é um bom exemplo. A iniciativa brotou sem prévio acerto com setores chave.
Não foi acertada com Michel Temer, que reagiu mal ao seu anúncio, informando à presidente que a ideia não contaria com seu apoio, o que, diante do veto da opinião pública, sepultou a iniciativa.
A trombada da CPMF mostra mais uma vez a incapacidade ideológica e operacional do governo para criar consensos. O que permite o trânsito de diferentes percepções sobre a crise, enfraquecendo a narrativa do governo.
A questão do downgrade pilotada pelas agências de risco revela outra discrepância. Setores do ministério do Planejamento e da Casa Civil não consideram o tema essencial. Reduzem o impacto devastador que isso pode ter junto ao setor privado e na captação de empréstimos e oferta de bônus no exterior.
Nem o governo, como um todo, nem o mundo político dão a devida importância ao problema. Pior, as divergências no campo orçamentário dão a certeza de que o "governo jogou a toalha"  no combate ao déficit público. Outro grave equívoco que sinaliza tanto incompetência quanto incapacidade de fazer um diagnóstico preciso.
Por último, há o constrangimento a questão da coordenação política. Ao excluir Temer dos debates, Dilma sinaliza que não o quer por perto. Porém, se o cenário já estava ruim com Temer, sem ele pode se tornar insustentável.
Fica claro o estado de confusão do Planalto, perdido diante do bombardeio vindo de várias frentes, sem saber o que fazer, o que dizer, o quê e como articular. A situação terá que piorar antes de começar a melhorar. E com isso alimentar um novo surto de desconfianças sobre a capacidade de governabilidade da presidente.
Enfim, o governo precisa ser urgentemente reformatado antes que o que lhe resta de apoio termine desaparecendo de forma inexorável. 
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