“É preciso que surja alguém para unificar o país”, pediu
Michel Temer, vice-presidente da República e presidente do PMDB.
O pedido dele instalou a cizânia dentro do governo e
conferiu-lhe o título de conspirador número 1 da República.
Foi aí que tudo começou a desandar entre ele e seu partido,
de um lado, e Dilma e seus demônios do outro.
A primeira providência tomada por Dilma foi a de subtrair de
Temer a condição de coordenador político do governo. Esqueceu-se de avisá-lo,
porém.
Temer esticou a corda reunindo-se em São Paulo com desafetos
do governo. Na ocasião, admitiu que Dilma seria incapaz de governar até o fim
com popularidade tão baixa.
O programa do PMDB na televisão, na semana passada, permitiu
a Temer avançar mais uma casa na rota de se distanciar de Dilma e do governo.
A próxima casa seria ocupada com a realização, em novembro
próximo, do Congresso do PMDB, onde se debateria o rompimento da aliança com o
PT.
E agora? O que aconteceu com Temer? Como ele se comportará
doravante?
Temer fingiu não se interessar pela reforma ministerial.
Disse que não indicaria ninguém. E que não avalizaria nenhuma escolha.
Então para que se reuniu tantas vezes com Dilma de lá para
cá? Para ouvi-la calado? Para repetir: “Não comento”? Só para ser gentil?
Atropelado por Dilma, que procurou isolá-lo – e também a
Eduardo Cunha – negociando diretamente com o baixo clero do PMDB, Temer cedeu
às pressões do seu partido por mais cargos.
Simples assim. Era previsível, a levar-se em conta o
prontuário do PMDB.
Coitados dos ingênuos que acreditaram na eventual conversão
do PMDB em um partido menos escrachado.
O PMDB só foi um partido sério quando se opôs à ditadura
militar de 64 sob a liderança de políticos do porte de Ulysses Guimarães e de
Tancredo Neves. Fora muitos outros.
De lá para cá, sem líderes de peso para conduzi-lo, sem
ideologia, sem um projeto para o país que não se resuma apenas a um projeto de
poder, procede como uma libertina companhia de ocasião.
Dá para quem lhe pague melhor. Qualquer um.
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