Da Época
Rio de Janeiro, 4h30 da madrugada. Os poucos carros e ônibus
que circulavam ainda mantinham os faróis acesos, no bairro de Campo Grande, a
cerca de 50 quilômetros do centro da cidade, na quinta-feira passada. Não havia
clareado ainda. O auxiliar de serviços gerais Márcio Andrade, de 41 anos, já
estava na porta da Agência Estadual do Trabalho e Renda. Trata-se de um órgão
do governo fluminense dedicado a promover o encontro entre quem procura
trabalho – atualmente, muitos – e quem oferece – atualmente, bem poucos.
Andrade sentou-se no banco de concreto e esperou o
atendimento, que só começaria às 8h30.
Foi o primeiro a chegar. Logo ganhou companhia. Desempregados vinham de bairros
vizinhos e cidades próximas, atraídos pela crença de que, entre as 13 agências
espalhadas pelo Rio de Janeiro, a de Campo Grande é a que oferece mais vagas.
Chegam, ainda no escuro, a uma região violenta. As horas passam e, antes de a
agência abrir, em torno de 60 pessoas formavam fila. Ignoravam o biscateiro que
tentava vender café a R$ 0,50 o copinho. Andrade estava pessimista. Tinha bons
motivos.
Naquela mesma quinta-feira, o governo federal faria duas
divulgações que justificam a falta de confiança dele e da maioria dos
brasileiros em idade de trabalhar. No Rio de Janeiro, saiu o anúncio que a
renda média do trabalho caiu em 2015, pela primeira vez em 11 anos, e que o
nível de desemprego em dezembro foi o mais alto dos últimos oito anos. O número
de desempregados no país se aproxima de 10 milhões – quase um Portugal inteiro
sem emprego. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff apresentou sua intenção
de estimular a economia com mais crédito para o consumo – uma terapia velha e
inútil contra a crise atual. Ao que tudo indica, o governo persistirá na
política econômica que prejudica, principalmente, a população mais pobre.
Leia reportagem na íntegra em Época desta semana que já está
nas bancas.
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