Dilma Rousseff não tem a menor esperança na votação do
Senado, em meados de maio. Mas alguns dentro do Planalto, inclusive Dilma,
ainda acreditam que podem conseguir o apoio de um terço dos senadores na
decisão final, que deve acontecer dentro de seis meses.
Para tanto, Dilma vai trabalhar desde agora em algumas
frentes bem definidas: martelará aqui e no exterior a tese do golpe e a ideia
da ilegitimidade do novo governo, iniciará um furioso processo de tentativa de
desconstrução de Michel Temer e repisará em entrevistas o legado social do seu
período (ainda que eventuais ganhos tenham se esfarelado; mas discurso político
tem uma lógica particular, nem sempre grudada aos fatos).
Dilma apostará também nas dificuldades que Temer encontrará
para dar jeito na economia e nas medidas duras que certamente ele tomará — como
se ela nada tivesse a ver com isso.
Ao contrário de Fernando Collor, que passou o período de
seis meses de afastamento recolhido na Casa da Dinda, "Dilma não se
mostrará resignada", nas palavras de um assessor direto.
Ressalte-se que vários ministros petistas de Dilma acham que
nada disso funcionará. Simplesmente, porque depois da votação que ocorrerá
dentro de quinze dias, ela perderá todo o protagonismo de que ainda desfruta
hoje.
Da coluna Lauro Jardim, O Globo
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