sexta-feira, 29 de abril de 2016

A ESTRATÉGIA DE DILMA

Dilma Rousseff não tem a menor esperança na votação do Senado, em meados de maio. Mas alguns dentro do Planalto, inclusive Dilma, ainda acreditam que podem conseguir o apoio de um terço dos senadores na decisão final, que deve acontecer dentro de seis meses.
Para tanto, Dilma vai trabalhar desde agora em algumas frentes bem definidas: martelará aqui e no exterior a tese do golpe e a ideia da ilegitimidade do novo governo, iniciará um furioso processo de tentativa de desconstrução de Michel Temer e repisará em entrevistas o legado social do seu período (ainda que eventuais ganhos tenham se esfarelado; mas discurso político tem uma lógica particular, nem sempre grudada aos fatos).
Dilma apostará também nas dificuldades que Temer encontrará para dar jeito na economia e nas medidas duras que certamente ele tomará — como se ela nada tivesse a ver com isso.
Ao contrário de Fernando Collor, que passou o período de seis meses de afastamento recolhido na Casa da Dinda, "Dilma não se mostrará resignada", nas palavras de um assessor direto.
Ressalte-se que vários ministros petistas de Dilma acham que nada disso funcionará. Simplesmente, porque depois da votação que ocorrerá dentro de quinze dias, ela perderá todo o protagonismo de que ainda desfruta hoje.
Da coluna Lauro Jardim, O Globo
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