Além de anunciar medidas que possam dar um “choque de
animação” na economia, se vier a assumir cargo de presidente para completar o
mandato de Dilma Rousseff, Michel Temer deve comunicar ao público em geral e
aos políticos em particular que encerra por aí sua carreira de candidato a
quaisquer cargos eletivos.
Ele recebeu o conselho de abrir mão de pretensões futuras de
Nelson Jobim. O ex-ministro da Justiça, da Defesa e do Supremo Tribunal Federal
apresentou a Temer uma série de pré-requisitos para obter êxito no possível
comando da transição entre o impeachment e uma nova eleição. Esse foi um deles
e que tem sido examinado com seriedade, pois, segundo seus aliados, seria
fundamental dar um sinal de desprendimento pessoal a fim de pacificar os ânimos
na política e na sociedade.
Nessa percepção, tal desistência facilitaria as articulações
tanto para a composição da equipe de governo quanto para a articulação de uma
base parlamentar ampla, forte e fiel. Além de firmar diante do País uma boa
impressão: a de que não pretenderia fazer uso eleitoral da Presidência.
Outros pontos do receituário de Jobim que foram aceitos com
entusiasmo e, por isso, incorporados pelo vice e seu grupo, foram os seguintes:
montar um ministério irretocável, não perseguir politicamente ninguém (leia-se
PT) – retirando do dicionário a palavra “vingança” – e não tentar influenciar
as eleições municipais e escolhas da candidatura presidencial em São Paulo, seu
Estado de origem. Neste ponto, o ex-ministro Eliseu Padilha – cotado para a chefia
da Casa Civil – vai mais longe adiantando que Temer não pode nem vai interferir
em lugar algum, seja município ou Estado, para tentar favorecer o PMDB.
Não por altruísmo, mas por cálculo político. Levando em
conta que vai precisar do apoio do maior número possível de partidos (fala-se
numa base de 17 ou 18 legendas) Michel Temer não pode criar atrito com ninguém.
Inclusive porque nem precisa. No PMDB tem gente de sobra para organizar as
disputas eleitorais de forma favorável ao partido. Ainda no tema candidaturas,
os pemedebistas mantém a ideia (na verdade, mais forte do que nunca) de
concorrer à Presidência em 2018, coisa que não fazem há cerca de 20 anos.
Quanto ao programa de governo propriamente dito, a
prioridade obviamente é a economia. A retomada da produção e, com isso geração
de empregos. No grupo de Temer a isso dá-se o nome de “animação econômica”.
Todos os integrantes da turma sabem que viradas em prazo curto são impossíveis,
mas acreditam conseguir pôr em prática ações para estancar a queda da atividade
econômica, a fim de colocá-la em “viés de alta”, e reunir apoio do Congresso
para aprovar medidas necessárias ao ajuste fiscal.
Reformas estruturais (política e trabalhista), à exceção de
alguma coisa na Previdência, ficam para um segundo momento ou para o próximo
governo. Já uma reformulação na distribuição de receitas hoje concentradas na
União, entre Estados e municípios está entre os assuntos considerados urgentes.
Em resumo, serão três os eixos a serem enfrentados: economia, políticas sociais
e infraestrutura.
No tocante aos nomes de prováveis integrantes do primeiro
escalão pode até haver definições, mas são mantidas em sigilo. De realidade, o
que existe é que hoje Romero Jucá seria o ministro do Planejamento; Henrique
Meirelles da Fazenda; Temer preferindo José Serra na área social e decidido a
consultar os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica antes de escolher o
ministro da Defesa. Na Justiça, alguém que tenha especial sensibilidade para o
tema dos Direitos Humanos. Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF, se encaixa
no perfil e, embora não seja o único cogitado, é o preferido de gente influente
junto a Michel Temer.
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