A Polícia Federal anunciou na manhã desta segunda-feira (23)
a prisão de dois policias militares suspeitos de arquitetar a fuga do
ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP) da capital de Roraima para a
Venezuela. Os dois PMs trabalham no Palácio do Governo e Campos é marido da
atual governadora, Suely Campos (PP).
Foragido pela quarta vez no ano, Campos foi condenado a 10
anos e 8 meses de reclusão por envolvimento no chamado "escândalo dos
gafanhotos", que desviou R$ 70 milhões em convênios oriundos da União em
2002, quando ele era governador.
Segundo a PF, os policiais foram presos em flagrante.
"A dupla trabalhava com objetivo de remover o ex-governador, de Boa Vista,
para a Venezuela e foi presa usando armas, rádio da corporação policial e
aparato estatal para proteção de um criminoso procurado pela Justiça",
disse em Nota a PF.
Outros policiais militares e servidores públicos do Estado
podem estar envolvidos na tentativa de fuga. A PF diz que está investigando a
conduta desses funcionários, inclusive de alto escalão do governo. Os presos
foram encaminhados para o CPC (Comando de Policiamento da Capital da Polícia
Militar de Roraima). Seus nomes não foram divulgados.
Campos teve mandado de prisão expedido na quinta-feira (19),
quando a Polícia Federal fez buscas nas residências da família em Boa Vista e
no interior do Estado. Como todas as outras tentativas de prisão, o
ex-governador não foi encontrado e seu nome já consta na lista de procurados da
Interpol, a pedido do Ministério Público Federal.
A Justiça em Roraima pediu também a prisão da mulher do
senador Telmário Mota (PTB-RR), Suzete Macedo de Oliveira, e outras cinco
pessoas. Ex-deputada estadual, Suzete teve negado um pedido de habeas corpus
preventivo pelo TRF (Tribunal Regional Federal), o que motivou a determinação
de sua prisão pela Justiça Federal. Ela foi condenada a 6 anos e 8 meses de
reclusão.
Todos foram condenados pelo envolvimento no esquema de
desvio de verbas públicas conhecido como "escândalo dos gafanhotos",
que consistia no cadastramento de funcionários "fantasmas" na folha
de pagamento do Estado, para distribuição dos salários a deputados estaduais e
outras autoridades em troca de apoio político.
O pedido de prisão feito pela Procuradoria se baseia no novo
entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a possibilidade de
cumprimento da pena de prisão após decisão de segunda instância.
A defesa de Neudo foi procurada, mas não quis se manifestar
sobre o assunto. A reportagem também procurou o governo Suely Campos sobre a
prisão dos PMs, mas não houve resposta.
GAFANHOTOS
Desarticulado em 26 de novembro de 2003 em Roraima, o
esquema de corrupção, segundo as investigações, consistia na contratação de
mais de 6.000 funcionários fantasmas que repassavam seus salários para autoridades
ou laranjas.
Estima-se o desvio de mais de R$ 230 milhões dos cofres
públicos em Roraima. Neudo Campos foi condenado à perda dos direitos políticos
durante oito anos, perda de cargos públicos, impossibilidade de contratação
pelo poder público, e ao pagamento de multa de R$ 3.300 por desvio de dinheiro
dos cofres públicos no período de 1995 a 2002.
Eleita em 2014, Suely Campos assumiu o governo no ano
seguinte e chegou a nomear ao menos 12 parentes. O próprio marido chegou a ser
consultor especial, cargo criado especialmente para ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário