Em tempos de Lava Jato, candidatos a prefeito do PT de toda
a Grande São Paulo escondem a estrela do partido e trocam o vermelho vivo por
anódinos tons de verde e laranja no material de propaganda.
Em Guarulhos, Santo André, Mauá, Osasco e até em São Paulo,
a ordem dos marqueteiros é jogar a estrela para debaixo do tapete, ou
disfarçá-la a tal ponto que o eleitor não a perceba.
E, tanto quanto possível, nem mencionar a sigla “PT”.
GUARULHOS
Em Guarulhos, o instinto de sobrevivência falou mais alto
até para um ex-alto hierarca do partido, Elói Pietá, que foi secretário-geral
do PT.
Em seu material de campanha, predominam as cores laranja,
verde e até um elegante cinza Fendi.
Da velha estrela vermelha, não sobrou nada além de umas
suaves cintilações brancas, sobre um fundo amarelo claro, visíveis apenas aos
olhos treinados dos profissionais de artes gráficas.
As letras “P” e “T” desapareceram, e só restou o 13 – ainda
assim, por exigência da lei eleitoral.
O mais curioso é o ícone de sua página no Facebook: um par
de óculos e um bigode.
Elói talvez queira se ver como uma versão Bernie Sanders de
Guarulhos, ou seja, um esquerdista de cabelos brancos que toca o coração dos
jovens.
Na realidade, porém, o grafismo remete o candidato do PT às
antigas caricaturas de Jânio Quadros, o herói da direita udenista dos anos 50 e
60.
SANTO ANDRÉ E MAUÁ
Em Santo André, o prefeito Carlos Grana sabe que o maior
problema para sua reeleição é acachapante rejeição ao PT na segunda cidade do
Grande ABC.
Em seu material na internet, as cores dominantes também são
o verde e o amarelo.
A estrela transfigurou-se tanto que é quase impossível
identificá-la. E o pouco vermelho que ainda restou desbota-se em dégradé até
desaparecer.
Uma representação gráfica, aliás, bastante compatível com o
partido do petrolão.
Em Mauá, a reeleição do prefeito Donizeti Braga enfrenta os
mesmos problemas e encontrou as mesmas soluções de marketing.
Também lá o vermelho esmaece até virar um laranja aguado. E
a estrela também está disfarçada por um grafismo representando um aviãozinho de
papel.
A frase “coragem para fazer o que tem que ser feito” soa
mais como uma autocrítica do que como slogan de campanha.
SÃO PAULO
Na campanha de Fernando Haddad, em São Paulo, há a mesma
fuga para o laranja, e o “P” e o “T” igualmente sumiram do material.
O 13 ficou minúsculo
– tem o mesmo tamanho de uma das letras da palavra “Haddad”.
E a estrela? Bem, ela ficou microscópica.
Virou um pontinho branco dentro do 13, o que valeu a Haddad
uma queixa da direção do partido e um pedido para que amplie a imagem.
ESTRELA CADENTE
Em Osasco, o deputado federal Valmir Prascidelli é um dos
poucos candidatos que conservam alguma fidelidade à velha iconografia.
Compreende-se a opção do deputado. Ele é homem do
ex-prefeito Emidio de Souza, atual presidente do PT paulista e um dos guardiões
da ortodoxia partidária.
Por isso, o candidato do PT ainda exibe o vermelho com algum
orgulho, e há até uma estrela bem visível em seu material.
Mas, talvez por algum ato falho, a imagem escolhida foi a de
uma estrela cadente…
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