Com o insucesso dos dois únicos candidatos do PT no ABC
paulista, ambos prefeitos que tentavam a reeleição, o partido não vai
administrar prefeituras no seu berço político a partir de janeiro de 2017 – um
fenômeno que acontece pela primeira vez desde 1982. Dos quatro municípios da
região que tiveram segundo turno, dois elegeram prefeitos do PSDB, um do PSB e
um do PV. Nas outras três cidades que formam a região do ABC, São Caetano,
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o partido também não elegeu prefeitos.
São Bernardo do Campo, a maior cidade do ABC, escolheu ontem
Orlando Morando (PSDB). Ele obteve 59,94% dos votos válidos contra 40,06% de
Alex Manente (PPS).
Morando disse que uma das suas primeiras medidas será fazer
uma reforma administrativa, com imediata redução do número de secretarias e de
cargos comissionados, e acabar com regalias como carro oficial. “Todos aqueles
petistas que vieram do Brasil inteiro e que estão em cargos comissionados vão
retornar para suas cidades de origem.”
O prefeito eleito de São Bernardo do Campo creditou a
derrota do PT no ABC à alta taxa de desemprego. “O PT ganhou representação
política nacional, porque representou os trabalhadores e se tornou o partido
que mais gerou desemprego no País. São Bernardo tem 18% da população
desempregada enquanto no Brasil é 12%”, disse.
Em Santo André, os eleitores escolheram Paulo Serra (PSDB)
para administrar a cidade nos próximos quatro anos. O tucano obteve 78,21% de
votos e venceu a disputa contra 21,79% do atual prefeito, Carlos Grana (PT). O
petista ficou, praticamente, com o mesmo número de votos do primeiro turno.
Secretário de obras e serviços públicos da gestão municipal petista até o meio
de 2015, Serra deixou o PSD e entrou para o PSDB no ano passado.
Ele disse que se “surpreendeu muito” com o número de votos
que teve, porque não esperava votação tão expressiva. Para ele, o PT errou “por
trair a confiança” do eleitor. “É um partido que foi criado com princípios
éticos, numa gestão que seria com participação de todos e, na prática, não foi
isso que se verificou. A gestão tem que ser para todos”, afirmou.
Mesmo com a derrota, Grana usou tom otimista ao falar com
militantes no diretório municipal do PT. Disse que é preciso ficar atento a
essa “onda de direita que tomou conta do País”. Como nova oposição, pediu que
petistas e partidos aliados se articulem para que não haja retirada de
direitos. Ele ainda disse que PT não foi partido criado só para disputar
eleição, mas também para mudar a sociedade.
“Precisamos reconstruir nossa relação com a sociedade.
Recuperar a credibilidade e não vejo outro forma a não ser recuperar os princípios
que nortearam a criação do partido”, afirmou.
Em Diadema, onde o PT elegeu o primeiro prefeito da sua
história (Gilson Menezes, hoje no PDT, em 1982), Lauro Michels (PV), foi
reeleito com 57,7% dos votos válidos, derrotando o candidato Vaguinho, do PRB,
com 42,3% dos votos.
Em Mauá, Átila Jacomussi (PSB) foi o mais votado. Ele obteve
64,47% dos votos válidos contra 35,53% do atual prefeito, Donisete Braga (PT).
“Esta cidade iniciou uma nova era”, disse Jacomussi após a vitória. / COLABOROU
ANDRÉ ÍTALO ROCHA
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