Do UOL
Após resistências de bancadas estaduais e municipais sobre a
inclusão do debate contra a homofobia nas escolas, a forma como se dará essa
atuação fica em aberto para as duas campanhas à Prefeitura de Fortaleza.
Em seu programa de governo, Capitão Wagner (PR) faz
propostas de combate à homofobia, incluindo "mapeamento de ocorrências
homofóbicas no âmbito do município" e a criação de "núcleos de
combate à homofobia".
Entretanto, no que diz respeito à escola, não há nenhuma
referência. Em entrevista à rádio O Povo/CBN, ele declarou que "sexualidade
tem de ser discutida em casa, com os pais". "Não é um professor, que
está sobrecarregado, que tem que ajudar a definir a sexualidade de uma
criança."
A fala dizia respeito à atuação do deputado estadual durante
os debates sobre o Plano Estadual de Educação. Parlamentares --Wagner
inclusive-- se opuseram ao que consideraram uma intromissão da escola em
assunto que seria da esfera familiar. Diante da resistência do Legislativo à
ideia, o governo acabou enviando o texto sem referência à discriminação por
orientação sexual.
Em entrevista ao UOL, o parlamentar afirmou não ver
contradição: "O meu voto, em nenhum momento, foi a favor da
homofobia". Ele diz que, em uma eventual gestão, haverá espaço dentro das
escolas para que o tema seja discutido.
Roberto Claudio (PDT), atual prefeito e candidato à
reeleição, não apresentou o programa de governo e, ao longo da campanha, não
deu grande destaque à pauta de direitos LGBT.
Em 2015, porém, durante a votação do Plano Municipal de
Educação, o prefeito assistiu a uma rebelião de sua base em virtude justamente
do papel que a escola deveria ter na questão da sexualidade.
O documento enviado à Câmara propunha "formação inicial
e continuada dos profissionais da educação em conteúdos que contribuam para a
pacificação de diálogos, a superação de preconceitos, discriminações,
violências sexistas e homofóbicas no ambiente escolar".
Parlamentares liderados por colegas ligados a igrejas
barraram a aprovação. O embate diluiu a divisão entre base e oposição, com
parlamentares dos dois campos a favor e contra a ideia. O texto foi sancionado
no fim de junho sem referência ao assunto.
O UOL procurou, durante cinco dias, a assessoria do prefeito
--por e-mail e telefone-- para questionar se, caso reeleito, ele tentaria
colocar em discussão novamente o papel da escola no combate à homofobia. A
assessoria do candidato não respondeu até a publicação deste texto.
Claudio e Wagner disputam o segundo turno após deixarem
outros sete candidatos para trás. O prefeito terminou a disputa em primeiro
lugar, com 40,5% dos votos válidos, enquanto Wagner conquistou 31,5%.
No segundo turno, de acordo com pesquisa Ibope, Claudio
ampliou a vantagem e tem 51% das intenções dos votos contra 38% do adversário.
No primeiro turno, ele ficou com 40,81% e Wagner com 31,15% dos votos válidos.
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