Jorge Bastos Moreno, O Globo
Era previsível que, guindado à condição de “o condestável da
República”, o legalista presidente do Senado, Renan Calheiros, começasse a
exibir o seu poder, em toda a sua extensão. Tem o dedo dele, por exemplo, na
reação dos senadores do PMDB de engrossarem a lista dos descontentes com a
indicação de Imbassahy para a Secretaria de Governo. E está à frente, também,
da fritura de Meirelles.
Esperava-se que depois de Cunha não surgisse mais nenhum
“coisa ruim” na política brasileira. Engano. A reverência dos Três Poderes a
Renan nos reporta ao que contava Tancredo Neves sobre a época em que, jovem,
era promissor advogado de banca em São João Del Rey:
— Tudo lá era solene. O juiz, batendo o martelo, ordenava:
“Que entre o réu!”. Este, quanto maior a sua periculosidade, mais garboso
entrava na sala. Um soldado, paramentado como em dia de parada, batia pés e, em
posição de sentido, anunciava: “Sua Excelência, o réu!”.
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