terça-feira, 31 de janeiro de 2017

DA FORBES PARA A INTERPOL

Da Veja
O empresário Eike Batista, que está sendo procurado pela Polícia Federal devido a um mandado de prisão expedido em nova fase da Operação Lava Jato, teve uma carreira meteórica. Acumulou bilhões de dólares em um curto espaço de tempo, mas viu as suas empresas derrocarem a partir de 2013.
No auge, o empresário foi proprietário maior iate do Brasil, produzido pela fabricante italiana Spiriti Ferretti. Com 35 metros de comprimento, espaço interno de 900 m², e três andares, a embarcação acomodava até 20 passageiros e tinha espaço para armazenar dois jet skis em sua proa. Estima-se que ele tenha pago R$ 30 milhões pelo barco..
Ele ainda ostentou uma frota de jatinhos e carros milionários, como uma Mercedes McLaren, além de projetos extravagantes como o que anunciou em 2010: a construção da “Cidade X”, uma cidade supermoderna para cerca de 250.000 pessoas a alguns quilômetros da capital fluminense. Os bens foram alvo de apreensão por parte da Polícia Federal ano ano passado.
Eike, que naquele ano tinha uma fortuna da ordem de 30 bilhões de dólares, dizia que chegaria a ser o homem mais rico do mundo, com um patrimônio avaliado em 100 bilhões de dólares. Em 2012, Eike entrou para a lista dos dez mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes, figurando em sétimo lugar.
Ele foi casado por 13 anos com a atriz Luma de Oliveira, que é mãe de Thor e Olin Batista, filhos do casal. A separação foi oficializada em 2004. Em 1998, Luma sofreu críticas ao desfilar com uma coleira com o nome do marido no Carnaval carioca. Luma foi acusada de difundir uma imagem de submissão feminina.
Para se ter uma ideia do poderio econômico do empresário, entre 2004 e 2013, Eike Batista criou nada menos que 17 empresas para compor seu grupo EBX. Quando criou a MMX, Eike tinha alguma experiência no setor de mineração, não só por já ter empreendido no setor, mas também porque seu pai, Eliezer Batista, foi presidente da Vale por 10 anos.
No entanto, o empresário diversificou seus negócios de maneira rápida e dispersa, entrando em setores com os quais jamais havia se familiarizado, como o de energia (MPX), entretenimento (IMX) e até mesmo o de restaurantes, com o Mister Lam, no Rio de Janeiro.
Ele era assunto constante na imprensa internacional, que associava sua ascensão ao avanço da economia brasileira. Depois dos problemas financeiros que ocorrem em suas empresas, o bilionário começou a se desfazer de seus ativos para reduzir seu endividamento.
Além de investir em setores completamente distintos, Eike sempre manteve uma gestão centralizadora. Mesmo com a habilidade de criar empresas e conseguir recursos junto a investidores estrangeiros e bancos nacionais, falhou ao não cumprir suas promessas. Quando foi ao Canadá captar recursos para criar a OGX, o empresário vendeu a ideia partindo da estimativa de que produziria 40 mil barris de petróleo por dia. Depois descobriu-se que não conseguiria produzir 5 mil barris diários.
No caso da MMX, o empresário passou a ser visto com incredulidade por investidores quando perceberam que o porto Sudeste, o principal ativo da empresa, não ficaria pronto na data prevista, prejudicando empresas que já tinham contratos fechados para exportar minério por meio do porto.
Somente em 2013, as empresas de Eike perderam mais de 17 bilhões de reais em valor de mercado na bolsa de valores. A partir daí, o empresário parou de dar entrevistas e só se pronuncia por meio de fatos relevantes enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em 2014, seu patrimônio foi reduzido, segundo suas contas, a 1 bilhão de dólares negativo. Em fevereiro de 2015 os bens de Batista e familiares, como ex-mulher, foram bloqueados.
Mantega
No ano passado, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso pela Polícia Federal em São Paulo. A prisão de Mantega foi solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF) com base em um depoimento espontâneo de Eike Batista à força-tarefa da Lava Jato. Ele disse que o ex-ministro pediu a ele o pagamento de 5 milhões de reais que seriam destinados ao PT. Isso teria ocorrido em 2012.
O dinheiro seria propina, segundo o MPF, decorrente da contratação pela Petrobras, por 922 milhões de dólares, de um consórcio formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX para a construção das plataformas P-67 e P-70 para exploração de petróleo no pré-sal.
De acordo com o Ministério Público, Eike negou que o pagamento feito a pedido de Mantega tenha ligação com propina, mas a proximidade entre o pedido de recursos e a liberação de verbas da Petrobras para o consórcio, e o fato de o valor ter sido transferido no exterior para empresa do marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, indicam que se tratava de propinas.
Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta semana de VEJA que já está nas bancas.
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