Da Veja
O empresário Eike Batista, que está sendo procurado pela
Polícia Federal devido a um mandado de prisão expedido em nova fase da Operação
Lava Jato, teve uma carreira meteórica. Acumulou bilhões de dólares em um curto
espaço de tempo, mas viu as suas empresas derrocarem a partir de 2013.
No auge, o empresário foi proprietário maior iate do Brasil,
produzido pela fabricante italiana Spiriti Ferretti. Com 35 metros de
comprimento, espaço interno de 900 m², e três andares, a embarcação acomodava
até 20 passageiros e tinha espaço para armazenar dois jet skis em sua proa.
Estima-se que ele tenha pago R$ 30 milhões pelo barco..
Ele ainda ostentou uma frota de jatinhos e carros
milionários, como uma Mercedes McLaren, além de projetos extravagantes como o
que anunciou em 2010: a construção da “Cidade X”, uma cidade supermoderna para
cerca de 250.000 pessoas a alguns quilômetros da capital fluminense. Os bens
foram alvo de apreensão por parte da Polícia Federal ano ano passado.
Eike, que naquele ano tinha uma fortuna da ordem de 30
bilhões de dólares, dizia que chegaria a ser o homem mais rico do mundo, com um
patrimônio avaliado em 100 bilhões de dólares. Em 2012, Eike entrou para a
lista dos dez mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes, figurando em
sétimo lugar.
Ele foi casado por 13 anos com a atriz Luma de Oliveira, que
é mãe de Thor e Olin Batista, filhos do casal. A separação foi oficializada em
2004. Em 1998, Luma sofreu críticas ao desfilar com uma coleira com o nome do
marido no Carnaval carioca. Luma foi acusada de difundir uma imagem de
submissão feminina.
Para se ter uma ideia do poderio econômico do empresário,
entre 2004 e 2013, Eike Batista criou nada menos que 17 empresas para compor
seu grupo EBX. Quando criou a MMX, Eike tinha alguma experiência no setor de
mineração, não só por já ter empreendido no setor, mas também porque seu pai,
Eliezer Batista, foi presidente da Vale por 10 anos.
No entanto, o empresário diversificou seus negócios de
maneira rápida e dispersa, entrando em setores com os quais jamais havia se
familiarizado, como o de energia (MPX), entretenimento (IMX) e até mesmo o de
restaurantes, com o Mister Lam, no Rio de Janeiro.
Ele era assunto constante na imprensa internacional, que
associava sua ascensão ao avanço da economia brasileira. Depois dos problemas
financeiros que ocorrem em suas empresas, o bilionário começou a se desfazer de
seus ativos para reduzir seu endividamento.
Além de investir em setores completamente distintos, Eike
sempre manteve uma gestão centralizadora. Mesmo com a habilidade de criar
empresas e conseguir recursos junto a investidores estrangeiros e bancos
nacionais, falhou ao não cumprir suas promessas. Quando foi ao Canadá captar
recursos para criar a OGX, o empresário vendeu a ideia partindo da estimativa
de que produziria 40 mil barris de petróleo por dia. Depois descobriu-se que
não conseguiria produzir 5 mil barris diários.
No caso da MMX, o empresário passou a ser visto com
incredulidade por investidores quando perceberam que o porto Sudeste, o
principal ativo da empresa, não ficaria pronto na data prevista, prejudicando
empresas que já tinham contratos fechados para exportar minério por meio do
porto.
Somente em 2013, as empresas de Eike perderam mais de 17
bilhões de reais em valor de mercado na bolsa de valores. A partir daí, o
empresário parou de dar entrevistas e só se pronuncia por meio de fatos
relevantes enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em 2014, seu patrimônio foi reduzido, segundo suas contas, a
1 bilhão de dólares negativo. Em fevereiro de 2015 os bens de Batista e
familiares, como ex-mulher, foram bloqueados.
Mantega
No ano passado, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi
preso pela Polícia Federal em São Paulo. A prisão de Mantega foi solicitada
pelo Ministério Público Federal (MPF) com base em um depoimento espontâneo de
Eike Batista à força-tarefa da Lava Jato. Ele disse que o ex-ministro pediu a
ele o pagamento de 5 milhões de reais que seriam destinados ao PT. Isso teria
ocorrido em 2012.
O dinheiro seria propina, segundo o MPF, decorrente da
contratação pela Petrobras, por 922 milhões de dólares, de um consórcio formado
pelas empresas Mendes Júnior e OSX para a construção das plataformas P-67 e
P-70 para exploração de petróleo no pré-sal.
De acordo com o Ministério Público, Eike negou que o
pagamento feito a pedido de Mantega tenha ligação com propina, mas a proximidade
entre o pedido de recursos e a liberação de verbas da Petrobras para o
consórcio, e o fato de o valor ter sido transferido no exterior para empresa do
marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, indicam que se
tratava de propinas.
Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta
semana de VEJA que já está nas bancas.
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