Da ISTOÉ
O que Donald Trump está fazendo contra a humanidade é
abominável. Revive conceitos discriminatórios dos tempos do nazifascismo.
Persegue opositores. Ataca chefes de estado contrários a ele (o mexicano Peña
Nieto e o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, já foram alvo de sua
ira). Estabelece a xenofobia populista como política de governo. No seu
desvario foi capaz de ameaçar inclusive a ONU com retaliações, caso ouvisse
dela protestos a seus atos. Joga com a força financeira.
Mais da metade do orçamento anual de US$ 5 bilhões da
organização é bancada pelos cofres americanos. Seu tom histriônico nos
discursos assusta o planeta. As deliberações estabanadas, sem consultar ninguém
– nem mesmo os advogados do Conselho de Segurança Nacional foram ouvidos a
respeito dos vetos migratórios, como é praxe – denotam o despreparo evidente.
Trump pratica um atentado incomensurável à liberdade dos
povos quando proíbe a entrada de estrangeiros de sete países mulçumanos nos
EUA. Intolerância racial, de credo ou origem parecia coisa do passado, execrada
entre aqueles que pregam as melhores práticas civilizatórias. Mas Trump teima
em colocá-la na ordem do dia.
Ao insistir na medida insana fere a Convenção de Genebra e
os próprios princípios democráticos americanos. Tribunais locais já estão respondendo
à altura Empilharam inúmeras sentenças favoráveis àqueles que foram barrados
nas fronteiras. Nos aeroportos e ruas das cidades os protestos tomaram conta.
Um clima de confronto e radicalização dos ânimos prevalece. E a temperatura não
para de subir.
O caso de um garoto de cinco anos algemado e detido no
aeroporto, mesmo tendo sido identificado como cidadão americano, residente em
Maryland, chocou o mundo. O senador Chris Van Hollen classificou o incidente
como “ultrajante”. A resposta do porta-voz de imprensa da Casa Branca, Sean
Spicer, veio em tom de deboche: “seria um equívoco descartar uma pessoa como
ameaça apenas por sua idade ou sexo”. Correligionários e até simpatizantes do
recém-empossado presidente começam a se arrepender do apoio dado.
Muitos dizem que Trump caminha para o isolamento inexorável.
Uma coisa parece certa: está ficando claro para a maioria que ele vai precisar
de algum tipo de tutela ou orientação mais firme das instituições americanas
que zelam por valores históricos consagrados nos EUA, como o da ampla
integração com demais culturas e países. Os EUA são essencialmente uma nação de
imigrantes. O avô de Trump é um imigrante.
Assim como a atual mulher e mesmo a anterior. O contrassenso
de suas restrições não encontra respaldo nem mesmo entre os titãs da iniciativa
privada, que passaram a rechaçar, via comunicados públicos, qualquer
movimentação nesse sentido. Patriotas fervorosos pregam que o sonho americano
não acabou, apesar de Trump trabalhar na direção contrária.
Na toada nacionalista e protecionista ele estaria, isto sim,
testando os limites da paciência dos eleitores que lhe deram suporte. Brinca
com fogo, numa receita que pode levá-lo ao maior desastre administrativo de
todos os tempos, desde que George Washington cravou os pilares da Constituição
americana. O antecessor de Trump, Barack Obama, além de fazer coro às
manifestações, alertou que os fundamentos americanos estão em jogo. Trump, na
sua fé ególatra e absoluto desprezo à opinião alheia, redobra a aposta na
beligerância enquanto o planeta reage estupefato.
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