Veículos de imprensa como a rede de TV CNN, os jornais
"The New York Times" e "Los Angeles Times", e os sites
Buzzfeed e Politico foram impedidos de participar da entrevista coletiva diária
realizada na Casa Branca pelo porta-voz de Donald Trump, Sean Spicer, nesta
sexta-feira (24).
Os jornalistas presentes manifestaram indignação com a
censura da Casa Branca. Em apoio aos jornalistas proibidos de acompanhar o
evento, a agência de notícias Associated Press e a revista "Time"
boicotaram a entrevista diária.
Entre a imprensa estrangeira, a repórter da BBC que cobre a
Casa Branca, Tara McKelvey, relatou no Twitter que a equipe britânica também
foi impedida de participar. A rede não se pronunciou oficialmente sobre a
censura. O jornal britânico "The Guardian" também confirmou que foi
vetado do evento.
Segundo o "NYT", assistentes de Spicer permitiram
a entrada somente de repórteres de um grupo de organizações de notícias
escolhidos a dedo. De acordo com a Casa Branca, os que tiveram permissão de
acompanhar a entrevista diária foram previamente confirmados.
Entre os veículos permitidos estão o site de extrema direita
Breitbart, do qual o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, foi
diretor, e o jornal "The Washington Times", de tendência
conservadora. Jornalistas das redes ABC, CBS, do jornal "The Wall Street
Journal", da Bloomberg e da Fox News também tiveram a entrada liberada.
"Nada como isto aconteceu na Casa Branca em nossa longa
história cobrindo as várias administrações de diferentes partidos", disse
Dean Baquet, editor-executivo do "NYT", em nota. "O livre acesso
da mídia a um governo transparente é obviamente de crucial interesse
nacional", ressaltou.
Em nota, a CNN afirmou que "este é um desenvolvimento
inaceitável da Casa Branca de Trump. Aparentemente, esta é a forma como eles
retaliam quando você relata fatos que eles não gostam. Vamos manter a cobertura
jornalística independentemente disso".
Em comunicado, o "Wall Street Journal" afirmou que
não sabia sobre as exclusões dos colegas e que "se soubéssemos naquele
momento, não teríamos participado. E não participaremos de eventos fechados
como este no futuro".
A Associação dos Correspondentes da Casa Branca, que
representa o grupo que acompanha o noticiário diário do governo, condenou a
medida. "A WHCA [na sigla em inglês] protesta fortemente contra a forma
como o grupo foi tratado pela Casa Branca hoje", disse o presidente da
associação, Jeff Mason, em nota.
"Encorajamos as organizações que foram autorizadas a
compartilhar o material com os outros da imprensa que não foram. O conselho
discutirá a medida com a equipe da Casa Branca."
O Comitê de Proteção aos Jornalistas afirmou que recebeu com
preocupação a informação sobre o veto aos repórteres na Casa Branca. "Os
EUA devem promover a liberdade de imprensa e o acesso à informação", disse
o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon.
"Ficou claro que eles deixaram entrar meios de
comunicação com menor alcance mas que são amigáveis a Trump", disse Noah
Bierman, repórter do "LA Times" que foi barrado.
"Aparentemente, assim é como eles retaliam quando você
reporta fatos de que eles não gostam", disse a CNN em nota.
Ben Smith, editor-chefe do BuzzFeed, chamou a medida de
"a tentativa da Casa Branca de punir os meios de comunicação de cuja
cobertura não gosta".
Ataques de Trump
O movimento da Casa Branca ocorreu horas depois de Trump
atacar a imprensa em um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora,
uma organização que lhe deu uma de suas primeiras plataformas em sua jornada
improvável rumo à Presidência dos EUA, para defender suas políticas da
"América primeiro". O discurso lhe permitiu imprimir sua marca com
firmeza no movimento político conservador.
Trump disse que os veículos são "desonestos",
"inimigos do povo" e "divulgadores de notícias falsas".
"Temos de lutar contra eles. Os veículos de imprensa são muito
inteligentes, muito astutos e desonestos. Ficam irritados quando expomos suas
notícias falsas", indicou o presidente no fórum, o mais importante do
conservadorismo nos EUA.
"Eu amo a Primeira Emenda (da Constituição). Dá a todos
o direito de dizer o que pensamos (...). Dá o direito de criticar notícias
falsas. Muitos destes veículos são parte de grandes corporações midiáticas com
seus próprios planos, e esses não são os planos do país", assegurou.
Trump retomou seus ataques à imprensa por publicar
vazamentos internos de sua equipe citando a fontes anônimas dentro do governo.
"Não têm fontes. Inventam", disse o presidente americano, que pediu à
mídia que citem somente fontes com nome, e não anônimas, em suas histórias.
Do UOL, com agências
internacionais
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