O deputado federal pelo PMDB do Paraná Osmar Serraglio foi
escolhido pelo presidente Michel Temer para o Ministério da Justiça. A decisão
foi tomada nesta quinta-feira (23) e antecipada pela Folha.
A escolha contempla demanda da bancada do PMDB na Câmara,
que vinha pleiteando mais espaço no governo.
Serraglio tem 68 anos e nasceu em Erechim, no Rio Grande do
Sul. Advogado e professor de direito, foi eleito em 2016 presidente da CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), o mais importante colegiado da Casa, em
meio ao processo que levou à cassação do mandato do ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
Era visto na época como um parlamentar ligado à ala de Cunha
dentro do partido. Sob sua tutela, porém, a CCJ acabou recusando recursos
apresentados pelo hoje ex-congressista contra o processo de quebra de decoro no
Conselho de Ética –episódio que culminou com a cassação do mandato do carioca
pelo plenário da Casa.
Antes, Serraglio foi relator da CPI dos Correios, berço das
apurações sobre o escândalo do mensalão do PT na Câmara.
Alçado à função em junho de 2005 com o apoio do governo
petista, acabou chegando ao final dos trabalhos em atrito com aliados do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Este ano, concorreu à vice-presidência da Câmara, mas foi derrotado
no segundo turno pelo colega de bancada Fábio Ramalho (PMDB-MG).
Serraglio tem também a simpatia de nomes ligados a outros
partidos, como o PSDB. Entre os tucanos, é visto como um homem moderado e
"de respeito".
HISTÓRICO
A indicação para a pasta ocorre após a saída de Alexandre de
Moraes, que deixou o ministério no início deste mês após ser indicado por Temer
para a vaga do ministro Teori Zavascki no STF (Supremo Tribunal Federal).
A nomeação de Moraes foi aprovada nesta quarta-feira (22)
pelo plenário do Senado. O novo ministro tomará posse na Corte no mês que vem.
Serraglio assumirá o ministério em meio a uma forte pressão
contra interferências políticas na Operação Lava Jato e à ameaça de novas
crises na segurança pública.
Ele não foi a primeira opção de Temer. Acabou se destacando
entre as indicações levadas ao presidente depois que o ex-ministro do STF
Carlos Velloso recusou convite para assumir a pasta, alegando compromissos com
clientes de seu escritório de advocacia.
A decisão de Velloso irritou integrantes do Planalto,
especialmente por ter sido anunciada depois de o ex-ministro dizer que tinha
sido chamado a ajudar a salvar o país. Nesse cenário, Temer reabriu consultas
sobre o nome para o Ministério da Justiça, já sinalizando que tendia a fazer
uma escolha baseada também num cálculo político, para prestigiar sua base no
Congresso.
Em 2016, Serraglio defendeu abertamente o desembarque do
PMDB do governo petista. Depois, votou pela abertura do processo de impeachment
de Dilma.
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