Rodrigo Constantino, ISTOÉ
A julgar pela grande imprensa, o mundo está apavorado com
uma “onda ultraconservadora” que estaria varrendo diversos países, a começar
pelos EUA. Essa “guinada à direita” de inúmeros governos seria extremamente
perigosa, por representar a intolerância, o racismo, a xenofobia, o
nacionalismo. Mas é isso mesmo? Em que pesem posturas realmente intolerantes de
alguns líderes da dita direita, sou defensor da tese de que não – o fenômeno
que estamos vivenciando não é esse descrito pela mídia. Na verdade, esses
jornalistas simplesmente não compreenderam o mundo moderno, e por isso não
entendem que está ocorrendo uma reação saudável ao radicalismo da própria
esquerda.
Foi-se o tempo em que o Partido Democrata, por exemplo, era
mesmo moderado. Houve uma “revolução silenciosa” que o jogou bem mais para a
esquerda. O socialista Bernie Sanders quase ganhou nas primárias, e a própria
Hillary Clinton é uma entusiasta de Saul Alinsky, um revolucionário radical,
também admirado por Obama. JFK, católico e anticomunista, seria considerado
“ultraconservador” por seu próprio partido hoje. A tática usada pela esquerda
tem sido a velha máxima romana: dividir para conquistar. Joga negros contra
brancos, mulheres contra homens, gays contra heterossexuais, sempre de olho nas
vantagens políticas dessa “marcha das minorias oprimidas”. Lança mão de um
arsenal de hipocrisia, a ponto de vermos gays e feministas louvando o Islã para
atacar o Cristianismo!
Essa esquerda banca a democrata, mas não tolera o resultado
da democracia quando perde. Fala em amor, mas prega até jogar uma bomba na Casa
Branca. Discursa em prol da tolerância, mas parte para a agressão verbal e até
física contra os adversários. Louva a diversidade, mas só aceita quem reza a
mesma cartilha politicamente correta. Condena o “fascismo”, mas tenta intimidar
os demais, exatamente como faziam os fascistas.
São esses “ungidos” arrogantes, os tais “fascistas do bem”,
o maior perigo às liberdades individuais hoje. Eles no fundo odeiam tudo aquilo
que o Ocidente em geral e a América em particular representam: o capitalismo,
as democracias liberais, a livre iniciativa, um governo limitado e regido pelas
leis, não pela ideia vaga de “justiça social” ou pelos devaneios messiânicos de
seus governantes.
Quem culpa Trump pela “divisão da nação” não entendeu ainda
a tática usada pela esquerda. Trump é um mero pretexto: fizeram o mesmo com
Bush, lembram? E fariam com Ted Cruz, Marco Rubio ou qualquer outro
republicano. A esquerda não sabe perder, não tolera a verdadeira pluralidade, a
escolha do povo, que diz defender. Vivemos em tempos perigosos, sem dúvida. Mas
o verdadeiro perigo não vem da direita; vem da esquerda.
A esquerda não sabe perder, não tolera a verdadeira
pluralidade, a escolha do povo, que diz defender
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