Do Bahia.ba
Uma guerra política deve ser travada nos próximos dias entre
a oposição e o governo na Câmara de Salvador em torno da polêmica declaração do
vereador Igor Kannário (PHS), que comparou a Casa a uma “organização
criminosa”, em show no bairro da Liberdade, onde ele cresceu, durante o
carnaval
O pedido de desculpas do cantor-político, que preferiu
culpar o intérprete ao assumir a responsabilidade da sua fala, não deve ser
suficiente para pôr “panos quentes” na controvérsia criada pelo próprio edil.
O líder da ala da minoria, José Trindade (PSL), já deu
mostras do que virá. Procurador da Câmara, ele ingressou com uma representação
contra o vereador do PHS no Ministério Público da Bahia (MP-BA), para que
esclareça a afirmação e prometeu acionar o Conselho de Ética do Legislativo
municipal para que o artista seja punido.
Nos bastidores, o comentário dos governistas é de que a
oposição tende a inflar o assunto para atingir o prefeito ACM Neto (DEM).
Trindade e Suíca (PT) já cobraram explicação do gestor soteropolitano sobre a
atitude de Kannário.
Até agora, o prefeito tentou se descolar do caso. Disse e
repetiu várias vezes que não viu a declaração do cantor. “Neto só anda com o
celular na mão, vai dizer que não viu? Ele não quer é falar, eu falo porque sou
vereador, não tem jeito”, confessou um aliado do democrata, ao bahia.ba.
O prefeito foi o principal fiador da candidatura de Kannário
nas eleições municipais do ano passado (veja aqui ou abaixo). Em um evento no
bairro de São Gonçalo, disse que quando o cantor chegasse à Câmara iria
“quebrar paradigmas” e seria a “voz do gueto” na Casa. Afirmou ainda que o
artista não estaria “amarrado” ao “politicamente correto”, mas sim à
“verdade.”.
“A gente precisa na política de muita mudança. Acima de
tudo, de muita sinceridade, de gente que chegue à Câmara Municipal para falar o
que povo pensa e você [Kannário] vai fazer isso. Você não vai ficar preocupado,
se vai agradar A, B ou C. Você não vai estar preocupado se o que você vai dizer
é politicamente correto para quem está no governo ou não está. Você vai para a
Câmara para falar a verdade, pra ser a voz desse povo, para ser a voz do gueto
de Salvador. Salvador precisa de Kannário na Câmara”, exaltou Neto.
Punição – O certo é que dificilmente a oposição conseguirá
votos necessários para cassar o mandato de Igor Kannário. De acordo com o
regimento interno da Câmara, só há perda com 2/3 dos sufrágios, o que equivale
a 29 votos, contra 10 integrantes da bancada.
Mas o vereador-cantor deve sofrer algum tipo de punição para
evitar o comentário de que a Casa foi complacente e concorda com a declaração.
Embora haja edis que achem a cassação uma penalidade excessivamente rigorosa,
eles são unânimes – ou quase unânime – em afirmar que o artista extrapolou o
limite quando comparou o “Legislativo a organização criminosa”. “Por mim, abria
inquérito. Foi um absurdo”, chegou a dizer um governista.
Vereadores da base do prefeito, contudo, apostam que o
cantor deve tomar uma advertência, uma espécie de cartão amarelo, na analogia
com o futebol. Se tiver uma nova infração, tomará cartão vermelho e poderá ser
expulso. Detalhe: a advertência terá que ser publicada em todos os jornais da
capital baiana.
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