O governo federal anunciou nesta quinta-feira (2) que o
líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), assumirá o
comando do Ministério das Relações Exteriores.
O presidente Michel Temer se reuniu mais cedo com o tucano,
no Palácio do Planalto, para fechar a indicação. A posse foi marcada para
terça-feira (7), junto com a de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça.
O tucano assume o cargo de José Serra, que deixou o governo
na semana passada alegando problemas de saúde.
Como mostrou a Folha na quinta-feira (23), Aloysio
despontava como favorito ao cargo junto com o embaixador do Brasil em
Washington, Sérgio Amaral, que foi porta-voz do governo FHC.
Ambos os nomes foram indicados pela cúpula do PSDB. Além
deles, os tucanos falaram a Temer sobre o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG),
mas o mineiro confidenciou a aliados que não ficaria bem para o relator do
impeachment no Senado assumir um cargo no governo.
Aloysio foi mencionado pelo próprio Temer como sua principal
opção ainda na noite que Serra pediu exoneração do cargo e despontou como
favorito pelo cargo.
De início, o senador não rechaçou a possibilidade de aceitar
o convite, mas disse que precisaria "ouvir a família" antes de dar
qualquer sinalização ao próprio partido de que aceitaria deixar o mandato para
comandar a chancelaria brasileira.
ELEIÇÃO
O senador comandou a Comissão de Relações Exteriores do
Senado e, pelo desempenho à frente do colegiado, é visto como um bom nome pelo
corpo técnico do Itamaraty. Ele também é muito próximo a Serra, o ex-ministro,
de quem é aliado e amigo pessoal há muitos anos.
Apesar da afinidade com os temas da pasta, Aloysio havia
ponderado, segundo aliados, sobre o impacto de uma eventual indicação em seu
futuro político.
Eleito por São Paulo em 2010, o senador teria que travar uma
nova disputa nas urnas em 2018, caso queira continuar exercendo um mandato
eletivo.
Em 2014, Aloysio concorreu a vice-presidente da República na
chapa de Aécio Neves contra a ex-presidente Dilma Rousseff e o agora presidente
Michel Temer.
LAVA JATO
Aloysio foi citado na delação premiada do empresário Ricardo
Pessoa, dono da empreiteira UTC.
Segundo Pessoa, Aloysio teria recebido R$ 500 mil da empresa
como doação eleitoral para sua campanha para senador em 2010, sendo R$ 300 mil
em doações oficiais e R$ 200 mil via caixa dois.
O empresário afirmou ainda que as contribuições, legais ou
ilegais, eram pagamento de propina para obtenção de contratos na Petrobras.
Aloysio rebate as acusações e diz que todas as doações que
recebeu em sua campanha foram legais e declaradas à Justiça eleitoral.
A linha de corte anunciada por Temer, porém, diz que citados
nas delações não serão retirados de seus cargos. Caso ministros ou auxiliares
virem réus, aí, sim, serão afastados do posto.
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