Do UOL
A estudante Taina Lima sonha desde criança com uma cirurgia
para a correção de seu estrabismo. Hoje com 23 anos, ela finalmente atingiu a
idade para que possa passar pelo procedimento. Só não o realizou ainda pois
precisará aguardar mais três meses para passar por uma consulta com um
oftalmologista da rede pública de saúde da capital fluminense.
"[O estrabismo] é uma coisa que sempre me
incomodou", disse Taina ao UOL. "Fui ao posto de saúde em outubro
para tentar resolver isso. O problema é que marcaram minha consulta com um
oftalmologista só para o final de junho.".
Assim como Taina, milhares de pessoas aguardam longos
períodos para passar por um médico especialista ou realizar um exame no Rio. A
redução do tempo de espera por consultas e procedimentos foi promessa de
campanha do prefeito eleito, Marcelo Crivella (PRB), e chegou a motivar o
lançamento de um plano de ação elaborado pela SMS (Secretaria Municipal de
Saúde).
Apesar disso, desde
que Crivella assumiu a prefeitura, a fila cresceu. No dia 2 de janeiro, um dia
após o início da nova gestão, mais de 132 mil consultas e procedimentos médicos
compunham a lista de pendências do Sisreg (Sistema Nacional de Regulação) no
Rio. Na quinta-feira (16), o mesmo sistema apontava a existência de mais de 166
mil pendências --ou seja, 25% a mais.
Os dados de janeiro
foram divulgados pela própria SMS no dia 16 de fevereiro, data em que o órgão
apresentou um plano para redução das filas por atendimento após determinação do
prefeito Crivella. Já os dados de março foram obtidos pela reportagem do UOL
por meio de consultas ao Sisreg.
Taina, por exemplo,
espera uma consulta de oftalmologia geral. Em janeiro deste ano, cerca de 14
mil consultas desse tipo constavam na lista de pendências do sistema de saúde
do Rio. Na quinta-feira, eram mais de 17 mil --crescimento de 21% no número de
pendências.
"Demora demais", reclama a estudante. "Você
vai ao posto e é informada de que só poderá começar a resolver seu problema
seis meses depois. E olha que isso é só a consulta. Depois, vêm os exames e a
cirurgia mesmo."
De acordo com os dados do Sisreg, o número de pendências
referentes a consultas com ginecologistas para realização de laqueaduras subiu
mais de 41% no Rio em desde o início do ano. Dos dez tipos de consultas mais
procurados, o único que com redução de pendências foi as com dermatologistas:
queda de mais de 55%.
á entre os dez procedimentos mais procurados por usuários do
sistema de saúde do Rio, houve aumento no número de pendências em seis. Em
janeiro, o Sisreg indicava que precisavam ser feitos no Rio 3.600 exames do
tipo doppler venoso em membros
inferiores, indicado para o diagnóstico de varizes. Na quinta, esse número
superou a marca dos 5.700 --crescimento de 58%.
Nesse mesmo período, em compensação, o número de cirurgias
de vitrectomia, indicada para pacientes com descolamento de retina, na lista de
pendências caiu 43%. Foi de 170 para 96.
Procurada pelo UOL, a
SMS disse que houve um aumento na oferta de serviços, que possibilitou
"que mais pessoas tivessem acesso aos procedimentos da rede pública, como
cirurgias, consultas e exames" e promoveu "a redução do tempo de
espera na fila, possibilitando a entrada de novos usuários na fila."
O órgão lançou no mês passado um plano de ação para a
redução das filas, aumento do número de atendimentos na rede pública e melhora
na gestão do sistema de marcação de consultas. A secretaria constatou, por
exemplo, que há pacientes aguardando por uma mesma consulta cadastrados duas
vezes na fila. O plano da SMS prevê que
algumas medidas previstas no plano passarão a ser implantadas até julho deste
ano.
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