Tive uma tumultuada entrevista com o vereador Fernando
Holiday hoje no meu programa Bastidores do Poder da Rádio Bandeirantes. O tema
era o uso de dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral para o pagamento de
cabos eleitorais responsáveis por panfletagens feitas durante a campanha dele.
A assunto foi levantado pela jornalista Tatiana Farah e Severino Motta em uma
alentada reportagem. Para lê-la no BuzzFeed, é só clicar aqui.
Li a matéria e fui atrás das provas que ela havia reunido.
Tecnicamente, a reportagem é perfeita. Perscrutei a contabilidade da campanha
do vereador pelo DEM e realmente não havia ali a declaração correspondente ao
pagamento do trabalho de 26 pessoas que receberam R$60 por dia para distribuir
santinhos para o então candidato.
Fernando Holiday foi eleito com a promessa de mudar as
velhas práticas políticas que transformaram o País nisso que ele virou. Não
tinha o direito, nem por um deslize, de se valer de práticas que ele e o MBL
deploravam. Ele era o garoto da mudança. O novo vestido de novo. Gay, preto e
honesto. Uma boa aposta para o futuro.
A contabilidade oficial revela uma campanha pobre, que só
foi bem sucedida pela empatia gerada pela tese que o candidato defendia. Foram
menos de R$ 60 mil arrecadados e gastos. Há despesas escrituradas de até R$
8,00.
Mas lá não está o pagamento desses cabos eleitorais. Lá não
há menção aos prestadores de serviço que botaram a cara no site do BuzzFeed
para contar como ajudaram a eleger Fernando Holiday em troca de dinheiro
oficioso.
Fernando Holiday pensou que iria jogar um blá-blá-blá
qualquer e que as pessoas iriam engolir seu argumento pífio e enganador de que
há uma resolução do TSE que permite o caixa dois em pequena escala. Antes,
tentou atribuir a informação bem apurada pela repórter do BuzzFeed a uma
conjuração da extrema esquerda. Mentira!
Fui duro ao questionar o vereador no programa da rádio. E
duro ao criticá-lo. Ele não tinha o direito de se valer de expedientes que foi
eleito para combater. Mas ele já começou me desqualificando e desqualificando o
site que publicou a matéria.
A entrevista terminou com gritos e palavrões. Não os
defendo, mas acho que a hipocrisia de gente como esse garoto deve ser repudiada
com toda a veemência.
Quinze anos atrás, era Lula falando as coisas que agora ele,
Fernando, prometeu durante a campanha. Todo mundo acreditou.
Quando começaram a ficar evidentes os primeiros deslizes,
ninguém cobrou.
Deu no que deu.
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