Do Blog do Fausto Macedo, Estadão
O homem forte do Departamento de Propinas da Odebrecht
Benedicto Barbosa da Silva Júnior declarou em delação premiada perante a
Procuradoria-Geral da República que o grupo empresarial repassou mais de R$ 15
milhões ao ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), o ‘Nervosinho’, ‘ante seu
interesse na facilitação de contratos relativos às Olimpíadas de 2016’. As
solicitações teriam sido feitas em 2012.
“Dessa quantia, R$ 11 milhões foram repassados no Brasil e
outros R$ 5 milhões por meio de contas no exterior. O colaborador apresenta
documentos que, em tese, corroboram essas informações prestadas, havendo, em
seus relatos, menção a Leonel Brizola Neto e Cristiane Brasil como possíveis
destinatários dos valores”, relata o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF) em decisão de 4 de abril que mandou investigar Eduardo Paes.
O Estado teve acesso a despachos do ministro Fachin,
assinados eletronicamente no dia 4 de abril.
Além de Benedicto Júnior, o ex-prefeito do Rio foi delatado
pelos executivos da Odebrecht Leandro Andrade Azevedo e Luiz Eduardo da Rocha
Soares.
Segundo Leandro André Azevedo, o ex-prefeito do Rio também
teria negociado repasse de R$ 3 milhões da Odebrecht para a campanha a deputado
federal de Pedro Paulo (PMDB) em 2010. O delator citou o sistema Drousys, a
rede de comunicação interna, uma espécie de intranet, dos funcionários do
“departamento da propina” da Odebrecht.
“Essas somas seriam da ordem de R$ 3 milhões, tendo a
transação sido facilitada por Eduardo Paes, ex-prefeito do município do Rio de
Janeiro, por meio de contato com o diretor Benedicto Júnior. Afirma-se, nesse
contexto, que, no sistema ‘Drousys’, há referência a diversos pagamentos a
“Nervosinho”, suposto apelido de Eduardo Paes”, narra Fachin na decisão que
mandou investigar os peemedebistas.
Em anexos aos termos de declaração, segundo o ministro do
Supremo, Leandro Andrade Azevedo apresenta as planilhas de que constariam os
pagamentos e e-mails em que reuniões teriam sido agendas e solicitações de
pagamentos foram feitas.
Em 2016, Pedro Paulo foi o candidato de Eduardo Paes à Prefeitura
do Rio. O peemedebista foi derrotado no primeiro turno.
Dois anos antes, em 2014, Pedro Paulo teria recebido R$ 300
mil, ‘de maneira oculta, para a campanha à prefeitura’, segundo Benedicto
Júnior. O pedido foi intermediado por Eduardo Paes e haveria registro no
Sistema “Drousys” de pagamentos a “Nervosinho”.
COM A PALAVRA, EDUARDO PAES
O ex-prefeito do Rio Eduardo classificou de “absurda e
mentirosa” a acusação de que teria recebido vantagens indevidas por obras
relacionadas aos Jogos Olímpicos.
“Ele nega veementemente que tenha aceitado propina para
facilitar ou beneficiar os interesses da empresa Odebrecht. E reitera que
jamais aceitou qualquer contrapartida, de qualquer natureza, pela realização de
obras ou projetos conduzidos no seu governo”, informou sua assessoria de
imprensa.
Paes afirmou ainda que nunca teve contas no exterior e que
todos os recursos recebidos em sua campanha de reeleição foram devidamente
declarados à Justiça Eleitoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário