Memória - Bárbara Pereira de Alencar quase provocou a morte da mãe, ao
nascer em 11 de agosto de 1760, no município de Exu, Pernambuco. Uma parteira e
um padre foram chamados às pressas. Depois de muita reza, ambas sobreviveram.
Dali em diante, Bárbara deu trabalho. Muito trabalho. Que o digam os
monarquistas do século 19. Ela se tornou peça fundamental em dois dos
principais movimentos republicanos do Nordeste, a Revolução Pernambucana de
1817 e a Confederação do Equador de 1824, e por isso foi primeira presa
política do país.
Antes disso, casou-se com 22 anos e se mudou para Crato, no
sul do Ceará. Teve cinco filhos. Dois deles, José Martiniano de Alencar e
Carlos José dos Santos, foram estudar no Seminário de Olinda. O liberalismo
europeu ganhava corpo nas elites brasileiras, que almejavam os ideais de
independência e república. Enquanto isso, dona Bárbara e seus filhos começaram
a organizar um braço revolucionário na cidade, com sede na casa da matriarca.
"Dona Bárbara sempre foi considerada a cabeça pensante. Ela tinha a
política nas veias e, na articulação, era a referência do grupo", afirma o
escritor Roberto Gaspar, autor de Bárbara de Alencar, a Guerreira do Brasil -
tão raro nas livrarias quanto as referências a ela nos livros de História do
Brasil.
A Revolução Pernambucana finalmente estourou em Recife no
dia 6 de março de 1817, liderada por Frei Caneca, Domingos José Martins e
Antônio Carlos de Andrada e Silva. Em 3 de maio, durante a missa dominical da
igreja do Crato, José Martiniano, filho de Bárbara, proclamou a república.
Tropas foram enviadas para conter a revolta. Oito dias depois, os
revolucionários, incluindo a matriarca, foram presos e enviados a pé para
Fortaleza - acorrentados sob o sol, eles levaram um mês para caminhar 600
quilômetros.
Presa em calabouços de Fortaleza, Recife e Salvador, ela foi
maltratada e impedida de ver os filhos. Libertada depois de três anos, ainda
liderou um segundo levante, a Confederação do Equador, que se espalhou pelo
Nordeste a fim de acabar com a monarquia. Na revolta, dois de seus filhos
morreram. Outro, José Martiniano, pai do futuro escritor José de Alencar, se
tornaria senador no mesmo ano em que ela faleceu: 1832. Aos 72 anos, dona
Bárbara morreu sem ver a tão sonhada proclamação da República.
Via Blog do Iderval Tenório - Juan Torres
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