Há um elo entre o PT e a ditadura venezuelana que vai além
da cumplicidade com a violência, o desrespeito aos direitos humanos e o imenso
fracasso administrativo: é a Odebrecht.
Todo o mundo sabe, no Brasil, que o PT, enquanto esteve no
governo, desenvolveu uma relação de promiscuidade com a construtora, conforme
confessaram executivos da empresa, inclusive seu principal líder, Marcelo
Odebrecht. Promiscuidade que se estendeu a outras empreiteiras, mas ficamos por
hoje na Odebrecht.
Agora, na Venezuela, a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz,
nomeada por Hugo Chávez e ilegalmente afastada pela fraudulenta Assembleia
Constituinte, acaba de contar ao jornal espanhol "El País" qual foi a
razão verdadeira da perseguição que passou a sofrer: é exatamente a Odebrecht.
Segundo ela, agora exilada na Colômbia, a Procuradoria tinha
"todos os detalhes de toda a cooperação [entre a empresa brasileira e
autoridades venezuelanas], as quantias e personagens que enriqueceram".
Completou: "Essa investigação envolve Maduro [o ditador Nicolás Maduro] e
o seu entorno".
Está explicado, portanto, o silêncio que envolve, na
Venezuela, as escandalosas operações da Odebrecht, ao contrário do que ocorre
nos vários países latino-americanos em que se detectaram as digitais da
companhia.
No Peru, por exemplo, há dois ex-presidentes acusados
(Ollanta Humala e Alejandro Toledo), para não mencionar o caso de Lula, já
condenado no Brasil e pendente de uma decisão de segunda instância.
Segundo as investigações em curso no Brasil, a Odebrecht
teria pago o equivalente a US$ 98 milhões (R$ 308 milhões) em subornos na
Venezuela, no período que vai de 2006 até 2015 –dinheiro que, agora, a
procuradora ilegalmente afastada diz ter enriquecido o entorno do ditador
Maduro.
A Odebrecht tem 11 projetos em execução na Venezuela.
O patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, na delação
premiada que fez à Lava Jato, disse ter procurado o então presidente Lula para
reclamar de um suposto favorecimento de altos funcionários brasileiros à Andrade
Gutierrez em concorrências da Venezuela.
Lula, segundo Emílio, ficou de "verificar o que estava
acontecendo". Depois, sempre segundo o patriarca da Odebrecht, sua
companhia acabou ficando com uma das obras.
O ex-presidente, aliás, nunca escondeu que atuava em favor
de empresas brasileiras em muitas de suas viagens ao exterior. Não via nenhum
problema; até achava que era sua obrigação.
Se se considerar que o relacionamento com Hugo Chávez sempre
foi excelente, é razoável supor que a Odebrecht tenha se beneficiado dessa
atuação na Venezuela.
Agora, com a denúncia de Luisa Ortega Díaz e a consolidação
da ditadura na Venezuela, fica difícil apurar não apenas a corrupção interna
mas também o eventual envolvimento dos amigos brasileiros da empreiteira.
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