Do G1
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que vai
"destruir totalmente" a Coreia do Norte, caso não tenha outra
escolha, em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta
terça-feira (19).
Trump, que chamou o regime de Kim Jong-Un de
"depravado", afirmou que "é hora de Coreia do Norte aceitar que
a desnuclearização é o único futuro possível". Ele agradeceu à China e à
Rússia por terem votado a favor de impor sanções contra o regime, após um teste
nuclear realizado no mês de setembro.
Trump ainda defendeu que a comunidade internacional deve
"fazer mais" contra a Coreia do Norte. "É hora de as nações
trabalhem juntas para isolar o regime de Kim até que ele cesse seu
comportamento hostil", afirmou, chamando o comportamento de Kim de
"missão suicida".
Em sua fala, que durou 41 minutos, Trump disse que o
desenvolvimento de mísseis balísticos e armas nucleares por parte da Coreia do
Norte "ameaça o mundo todo".
Crítica à China
Em uma crítica velada à China, o presidente disse: "É
um ultraje que algumas nações não só façam comércio com esse regime, mas
forneçam armas, suprimentos e apoio financeiro a um país que põe o mundo em
risco".
De acordo com a agência Reuters, apenas um diplomata da
delegação norte-coreana ficou dentro da sala enquanto Trump fazia seu discurso.
Ja Song Nam, embaixador da Coreia do Norte na ONU, foi visto saindo do local
antes da fala do líder norte-americano.
Irã
Em sua fala, Trump também fez severas críticas ao Irã, ao
afirmar que o país é dirigido por uma "ditadura corrupta". Ele também
chamou o acordo nuclear concluído em 2015 com as grandes potências de uma
"vergonha".
"O acordo com o Irã é uma das piores transações (...)
Francamente, este acordo é uma vergonha para os Estados Unidos". Em 15 de
outubro, Trump vai se pronunciar no Congresso americano se ele considera que
Teerã respeita seus compromissos, como indicado pela Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA).
"É hora de o mundo inteiro se unir a nós para exigir
que o governo iraniano pare de semear a morte e a destruição", declarou na
tribuna da ONU, criticando as "atividades desestabilizadoras" de
Teerã.
Interesses nacionais
Em sua fala, Trump também foi categórico ao dizer que vai
defender os interesses dos Estados Unidos acima de tudo.
"Sempre colocarei a América primeiro. Assim como vocês,
líderes de seus países, devem sempre colocar seus países em primeiro
lugar."
"Todos os líderes têm a obrigação de servir os seus
cidadãos", disse, pedindo que os países-membro da ONU trabalhem em
conjunto e em harmonia, mas enfatizando que os Estados Unidos não vão permitir
que outros "tirem vantagem" do país.
'America first'
Conforme o que foi adiantado pela Casa Branca, o discurso de
Trump marca sua mais recente tentativa de expor sua visão "América
Primeiro" – em contraste ao multilateralismo defendido pela ONU.
A fala de Trump defende uma política externa norte-americana
focada em reduzir burocracias globais, baseando alianças em interesses
compartilhados e desviando Washington de exercícios de construção de Estados no
exterior.
O mandatário enfatizou, em sua fala, os tempos
"perigosos" e as novas ameaças que o mundo vive, ao afirmar que os
terroristas e extremistas chegaram a todos os cantos do planeta.
Trump também fez uma crítica aos regimes
"desonestos", que apoiam terrorismo e ameaçam outros países, sem
mencionar diretamente nenhuma nação. "Nações soberanas permitem que as
pessoas tenham controle do seu próprio destino."
Após o seu discurso, Trump tem um encontro com o
secretário-geral da ONU, António Guterres, e também com o emir do Qatar – país
que vem sofrendo um intenso embargo de vizinhos do Oriente Médio, por
supostamente apoiar grupos terroristas.
Crítico
Trump criticou a ONU em diversas ocasiões, especialmente
durante sua campanha eleitoral. "Onde se veem as Nações Unidas? Alguma vez
consertaram algo? É só como um jogo político", disparou Trump em um
comício no ano passado. O republicano também é contrário ao "tratamento
que a ONU destina a Israel", especialmente no caso de assentamentos.
Já como presidente eleito, ele defende uma reforma no
sistema da organização, com o objetivo central de reduzir a contribuição
norte-americana para a ONU, e não deixou de falar disso em seu discurso,
chamando de "injusto" o financiamento do organismo.
Os Estados Unidos são o principal financiador da ONU, criada
no final da Segunda Guerra Mundial, mas Trump ameaça reduzir drasticamente
esses fundos. Hoje, os EUA contribuem com 28,5% do orçamento das operações de
paz, de US$ 7,3 bilhões, e com 22% dos US$ 5,4 bilhões do orçamento que mantém
a organização funcionando.
Para o secretário-geral da ONU, a medida criaria "um
problema insolúvel" para a instituição.
Segundo alguns diplomatas, por exemplo, uma redução pela
metade do orçamento do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), que
depende em 40% da contribuição americana, ficaria inoperante.
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