Da ISTOÉ
Ele agora mudou de patamar. Coleciona novas peças
acusatórias em ritmo quase semanal. É denúncia para todo lado. Neste início de
mês já foram três consecutivas contra ele. Mesmo quem acompanha perdeu a conta.
Como réu o líder petista figura em seis processos. Sentença de condenação
também não falta: quase dez anos de cadeia o aguardam por um único dos
malfeitos que cometeu.
A ficha corrida do ex-presidente não é para qualquer um e
sim digna de criminosos de alta estirpe. Mesmo assim ele insiste em posar de
injustiçado, perseguido da lei. A lorota caiu por terra quando o parceiro de
todas as horas, Antônio Palocci, deu com a língua nos dentes e relatou os
esquemas nos quais Lula teria recebido a bolada de R$ 300 milhões como reserva
técnica. Isso de apenas uma das empresas que lhe fazem gentilezas.
Dinheirama sem fim
além – é claro – de benesses imobiliárias e reformas na qualidade de mimos
extras. Palocci figurava como homem da mais estreita relação e confiança de
Lula. E nessa condição relatou com requintes de detalhes o caudaloso fluxo de
corrupção em torno do antigo chefe e aliado. Haja lambança. Lula, por sua vez,
para não fugir ao figurino habitual, comportou-se como um dissimulado de marca
maior.
Em escala ascendente, as suas reações contra quem o acusa –
e já somam mais de 30 delatores entre empreiteiros, correligionários,
operadores e amigos do calibre de Bumlai, Delcídio e quetais – soam
inverossímeis, espetaculosas. Estariam todos mentindo, menos ele. Quem não se
condói de tamanha crueldade? Há poucos dias disse ao juiz Moro, em mais um dos
enésimos depoimentos, que prefere “a morte” a passar por mentiroso. Por essa
ótica, o enterro já deveria ter ocorrido faz tempo. Lula mente com a cara de
pau de um Pinóquio incorrigível.
Na semana passada, quando confrontado com as evidências de
propina dada a seu instituto, chegou ao limite de dizer que não participava da
direção executiva da organização. Figurava somente como “presidente de honra”.
Em outras palavras, deixou entender que o Instituto Lula não é propriedade
dele, Lula. Saibam todos de antemão. O cacique do pau oco debocha de qualquer
circunstância. Mesmo as mais constrangedoras a ele. Cria ao seu redor
espetáculos deprimentes.
As passeatas recentes, organizadas durante as suas andanças
pelos currais do Nordeste, reuniram meia dúzia de áulicos seguidores. Nada
além. Situações anedóticas foram registradas. Tome-se, por exemplo, o
comentário da presidente da agremiação petista e senadora, Gleisi Hoffman, ao
tratar da devastadora paulada do antes festejado quadro partidário, Palocci.
Ela alegou que o ex-ministro estava a serviço da CIA, agência de investigações
americana. Patético, para dizer o mínimo.
Os petistas perderam o senso de ridículo. Apegam-se a
qualquer lorota em busca da única tábua de salvação que enxergam: a candidatura
presidencial de Lula como saída para livrá-lo do xilindró. Lula quer
travestir-se de candidato e dessa maneira fugir da condição de investigado.
Seria deveras inacreditável a situação de uma chapa a presidente encabeçada por
um dos mais encalacrados malfeitores políticos de que se tem notícia, o “chefe
da quadrilha”, como denominam procuradores federais.
Imagine, caro leitor, o bizarro contexto desse personagem
concorrendo, repleto de processos, condenações em vias de segunda instância,
provas de corrupção em profusão (quatro discos rígidos referentes a pagamentos
clandestinos na Suécia em seu nome também acabam de ser entregues à PF) e novas
falácias em campanha? Mais grave: na eventualidade de sair vencedor das urnas,
Lula teria de apresentar-se ao Planalto com a sua ficha corrida que, entre
outras razões a impedi-lo de tomar posse, esbarra diretamente na Constituição.
Em um dos artigos
está prevista a proibição a qualquer brasileiro de assumir a presidência da
República tendo pendências com a Justiça. Surrealismo além da conta. É
aconselhável acreditar no bom senso dos senhores magistrados para evitar tamanha
patacoada. Lula, pela ordem natural das coisas, já está fora da corrida a
Brasília – a não ser que escolha a Papuda. O próprio partido estuda
alternativas. Quanto ao faroleiro-mor dos contos da carochinha, nada mais
restará que o cumprimento de penas por tantos desvios que colecionou.
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