E o aniversariante do dia é...o Presidente Michel Temer,
completa 77 anos.
Michel Miguel Elias Temer Lulia (Tietê, 23 de setembro de
1940) é político, advogado e escritor brasileiro, atual presidente da
República Federativa do Brasil após o impeachment da titular, Dilma Rousseff.
Desde 1985, é o terceiro vice-presidente membro de seu partido, o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que chegou à Presidência da República
sem ser eleito diretamente para o cargo. Anteriormente, exerceu também os
cargos de presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal, secretário da
Segurança Pública e procurador-geral do estado de São Paulo.
Filho de imigrantes libaneses que chegaram ao Brasil na
década de 1920, Temer nasceu e foi criado no interior paulista. Em 1963,
graduou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), onde atuou
ativamente na política estudantil. Ao longo da década de 1960, trabalhou como
advogado trabalhista, como oficial de gabinete de José Carlos de Ataliba
Nogueira e num escritório de advocacia. Também lecionou na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Faculdade de Direito de Itu
(FADITU). Em 1974, concluiu um doutorado em direito público na PUC-SP.
Em 1970, Temer começou a trabalhar como procurador do Estado
de São Paulo. Em 1978, tornou-se procurador-chefe da Empresa Municipal de
Urbanização de São Paulo. No mesmo período em que era servidor público,
trabalhou em escritórios de advocacia. Em 1981, filiou-se ao PMDB. Em 1983, foi
nomeado pelo governador Franco Montoro para a Procuradoria-Geral do Estado,
permanecendo neste cargo até 1984, quando assumiu a secretaria de Segurança
Pública. Em 1986, candidatou-se a deputado federal constituinte, mas obteve a
suplência. Temer acabou tornando-se deputado no decorrer da Assembleia Nacional
Constituinte. Em 1990, concorreu a deputado federal, mas novamente atingiu a
suplência, assumindo o cargo posteriormente em 1994. Durante o governo de
Fleury Filho voltou a comandar a Procuradoria-Geral do Estado e, poucos dias
após o Massacre do Carandiru, foi nomeado secretário de Segurança Pública.
Em 1995, Temer foi escolhido para liderar o PMDB na Câmara.
Contando com o apoio do governo Fernando Henrique, foi eleito presidente da
Câmara dos Deputados duas vezes. Em 2001, foi eleito Presidente Nacional do
partido. No segundo mandato de Lula, conseguiu, com êxito, tornar o PMDB parte
da base governista, o que não havia conseguido no primeiro mandato do petista.
Em 2009, com o apoio do governo, foi eleito para a presidência da Câmara. Na
disputa presidencial de 2010, apesar de não ser o nome preferido dos
governistas, conseguiu ser escolhido para candidato a vice de Dilma Rousseff.
Com a vitória de ambos, foi empossado Vice-Presidente da República em janeiro
de 2011. No primeiro mandato, foi considerado por si próprio e pelo partido
como um "vice decorativo." No segundo, ganhou mais poder ao comandar
a articulação política. Após desentendimentos públicos com a Presidente, Temer
articulou pessoalmente o apoio ao afastamento de Dilma. Com o impeachment da
presidente em 31 de agosto de 2016, assumiu, definitivamente, as atribuições
presidenciais.
Início de vida e educação
Michel Temer nasceu em 23 de setembro de 1940 em Tietê,
interior do estado de São Paulo, e foi criado em um ambiente rural. Filho
de Nakhoul "Miguel" Elias Temer Lulia e Marchi Barbar Lulia, é o
caçula de oito irmãos. Católicos maronitas, seus pais e três irmãos mais
velhos deixaram Betabura (Btaaboura), distrito de Koura, no norte do Grande
Líbano, em 1925, e mudaram-se para o Brasil para fugirem dos problemas do pós-Primeira
Guerra Mundial. No novo país, seu pai comprou uma chácara em Tietê e
instalou uma máquina de beneficiamento de arroz e café, que rapidamente
possibilitou a ascensão econômica da família. Os costumes da região
originária de sua família sempre estiveram presentes em sua vida. Temer não
domina a língua árabe, mas consegue compreender o assunto de uma conversa nesse
idioma. No decorrer de sua vida, visitou duas vezes a cidade natal de seus
pais; a principal rua de Btaaboura chama-se "Michel Tamer (sic), vice-presidente
do Brasil".
Durante a infância, Temer sonhava em ser pianista, o que não
pôde ser possível por não haver professores em sua cidade. Na adolescência,
desejava ser escritor. Depois de ficar em recuperação nas disciplinas de
química e física em seu primeiro ano de colegial, desistiu do "curso
científico", que priorizava ciências exatas e biológicas. Em 1957,
mudou-se para a cidade de São Paulo para concluir o colegial do "estilo
clássico", formado principalmente por disciplinas das áreas de humanas e
letras.
Em 1959, seguindo os passos de quatro irmãos mais velhos,
ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em seu ano de
calouro, envolveu-se com a política estudantil ao tornar-se o
segundo-tesoureiro do Centro Acadêmico (CA) XI de Agosto. No ano de 1962,
concorreu à presidência do CA, mas foi derrotado por uma diferença de 82
votos. Um ano depois, graduou-se em direito pela USP. Temer manteve-se
neutro diante do golpe de 1964, e, com o início da ditadura, afastou-se do
movimento estudantil. Mais tarde, em relação ao seus anos como estudante
na USP, declarou: "Confesso que durante a faculdade fiz muita política
universitária, então embora estudasse, sobrava pouco tempo para estudar para
não ser reprovado."
Em 1974, concluiu doutorado em direito público na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Nesta especialização, foi
orientado pelo professor de direito administrativo Celso Antônio Bandeira de
Mello e sua tese virou seu primeiro livro: Território Federal nas Constituições
Brasileiras, publicado pela Revista dos Tribunais.
Carreira acadêmica
Em 1968, Temer passou a ministrar aulas de direito
constitucional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde deu aulas
de direito civil e foi diretor do departamento de pós-graduação. Temer também
foi diretor do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional e membro do
Instituto Ibero-Americano de Direito Constitucional.
Em agosto de 1969, Temer começou a trabalhar na Faculdade de
Direito de Itu (FADITU) como assistente do professor Geraldo Ataliba. Pouco
tempo depois, assumiu como titular da cadeira de direito constitucional. Temer
também foi vice-diretor (entre 1975 e 1977) e diretor (entre 1977 e 1980) na
FADITU. Ele trabalhou neste educandário até 1984.
Como professor, Temer costumava afirmar nos primeiros dias
de aula que todos os seus alunos estavam aprovados: "Sou pago pra dar
aulas e vocês pagam para que eu dê aulas, então quem tem que exigir minha
presença são vocês. Se vocês não vierem à aula eu saio mais cedo e vou para o
meu escritório trabalhar. Não passo lista de frequência e vocês estão todos
aprovados desde já. Quem vai reprovar é a vida", dizia.
Publicações
Temer publicou quatro obras principais e relacionadas as
áreas jurídica e política. A mais famosa delas, Elementos de Direito
Constitucional, foi publicado em 1982 e vendeu mais de 240 mil cópias. O
livro, de linguagem simples e que encontra-se em sua 24.ª edição, foca na
organização do Estado brasileiro, priorizando explicações sobre o funcionamento
dos três poderes constituídos. A obra divide opiniões: enquanto alguns
elogiaram sua escrita clara sem muito "juridiquês", outros a consideraram
muito superficial. Outra obra importante é Território Federal nas
Constituições Brasileiras, lançada em 1976. A obra constitui-se na melhor tese
sobre a figura e o regime jurídico do território federal no Brasil, desde suas
origens no início do século XX com a questão do Acre.
Em 1994, Temer publicou o livro Constituição e Política, que
aborda direito público e constitucional. Seu livro Democracia e Cidadania,
publicado em 2006, ressaltou a relevância do direito e incluiu alguns de seus
discursos como deputado federal. Em suas obras, mostrou-se simpatizante do
parlamentarismo, defensor da Constituição, favorável ao recall, diminuição da
carga tributária, contrário ao intervencionismo na economia e no Poder
Judiciário, e a uma reforma do sistema fiscal.
Por sua obra jurídica, Temer é um dos constitucionalistas
mais citados pelo Supremo Tribunal Federal nos julgamentos em sede de controle
de constitucionalidade entre os anos 1988 a 2012, conforme estudo divulgado nos
sites Conjur e Migalhas.
Entretanto, considerou-se um escritor realizado apenas em
2013, quando publicou Anônima Intimidade, um livro de poemas e ficção. Os
mais de 120 poemas que compõem esta obra foram escritos em guardanapos durante
suas viagens aéreas entre São Paulo e Brasília. Para Temer, escrever poemas o
ajudava a recuperar-se da "arena árida da política legislativa".
Carreira jurídica
Após sua formatura na Universidade de São Paulo em 1963,
Temer começou a trabalhar como advogado trabalhista para um sindicato de
vendedores viajantes de São Paulo. Simultaneamente, trabalhou como oficial de
gabinete de José Carlos de Ataliba Nogueira, seu antigo professor da USP e
então Secretário da Educação de Ademar de Barros. Juntamente com os advogados
Paulo de Barros Carvalho, Celso Ribeiro Bastos e José Eduardo Bandeira de
Mello, Temer abriu um escritório no centro de São Paulo. Como eram advogados
iniciantes, não tinham muitos clientes. Em 1969, quando os quatro foram
aprovados em concursos públicos, eles fecharam o escritório.
Ao tornar-se assistente de Geraldo Ataliba na disciplina de
direito constitucional na PUC-SP, começou a interessar-se por direito público e
na ideia de prestar um concurso. Temer passou no concurso para o cargo de
procurador do Estado de São Paulo, tomando posse em 1970 e sendo designado para
a Procuradoria Administrativa, no subsetor Mandado de Segurança. Em
1978, tornou-se procurador-chefe da Empresa Municipal de Urbanização de São
Paulo.
Durante o período em que era servidor público, advogou no
escritório de seu irmão Fued Temer. Novamente com Celso Bastos, Temer abriu um
novo escritório, que dessa vez também contava com a participação de Celso
Antônio Bandeira de Mello e Geraldo Ataliba; depois de algum tempo, Bastos foi
substituído por Adilson Abreu Dallari, assistente acadêmico de Bandeira de
Mello. Em 1977, eles fixaram o escritório na esquina da Avenida Paulista com a
Alameda Casa Branca. No começo, embora não tivessem formalizado uma sociedade,
eles dividiam o trabalho, as despesas e os lucros. Com o passar do tempo,
decidiram que cada um cuidaria dos seus casos, mas mantiveram a repartição dos
gastos. Temer trabalhava nas áreas cível, empresarial e trabalhista. Ele
permaneceu neste escritório até meados dos anos 1980.
Carreira política
Em 1981, filiou-se ao recém-fundado Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1983, o governador paulista André Franco
Montoro, também do PMDB, o indicou para a Procuradoria-Geral do Estado, um
cargo em que era responsável pela chefia de cerca de mil
procuradores. Como procurador, deu fim aos recursos repetitivos da
administração pública, intermediou acordos de fazendeiros e sem-terra e começou
a elaboração da Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado.
Temer foi procurador até 1984, quando foi nomeado por
Montoro como secretário da Segurança Pública. No comando desta pasta,
criou a primeira Delegacia da Mulher do Brasil em 1985, incentivou os
sistemas privados de segurança como forma de ajuda ao Estado, declarou-se
favorável ao aumento do efetivo da Polícia Militar assim como à legalização do
jogo do bicho, e foi o autor de uma bem-sucedida legislação que estabeleceu
aposentadoria compulsória para delegados após trinta anos de serviço público,
dos quais 25 deveriam ter sido dedicados ao serviço policial. O objetivo desta
lei era reestruturar a polícia e afastar funcionários antigos.
Em sua gestão na secretaria, a quantidade de flagrantes
contra bicheiros diminuiu. Em 1994, o chefe de Polícia durante seu mandato,
Álvaro Luz, declarou à CPI do Bicho da Assembleia Legislativa que foi orientado
a reprimir apenas os bicheiros que atuassem de modo "ostensivo." O
deputado peemedebista Del Bosco Amaral apresentou judicialmente uma denúncia
contra Temer, alegando que ele "teve apoio dos piores setores policiais,
inclusive daqueles ligados ao jogo do bicho" e "não agiu com rigor
contra a contravenção". Em 1986, a ação chegou ao Supremo Tribunal Federal
e foi arquivada em 2006, sem que o Judiciário demonstrasse algum fundamento na
acusação.
Deputado federal constituinte e governo Fleury
Em meados do ano de 1986, saiu da secretaria de Segurança
Pública para ser candidato pelo PMDB a deputado federal constituinte. Nas
eleições gerais de novembro daquele ano, recebeu 43 mil votos e ficou como
suplente. Em 16 de março de 1987, Temer assumiu o mandato de deputado no
lugar de Antônio Tidei de Lima, que licenciou-se para assumir a Secretaria de
Agricultura de São Paulo. Na Assembleia Nacional Constituinte de 1987, fez
parte como titular da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público,
da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo, e da Comissão de
Redação.
Entre os temas debatidos na Constituinte, posicionou-se
contra a pena de morte, a estabilidade no emprego, a desapropriação de
propriedade produtiva, a estatização do sistema financeiro, a jornada semanal
de quarenta horas, o voto aos 16 anos, a reforma agrária e o monopólio na distribuição
do petróleo. Ele defendeu a legalização do aborto, o presidencialismo, a
aposentadoria proporcional, o direito de greve, e o mandato de cinco anos para
o presidente José Sarney. No livro Quem foi quem na Constituinte, publicado
pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) para medir os
votos dos congressistas nas questões em que o órgão considerava como de
interesse dos trabalhadores, Temer recebeu uma nota média de 2,25 (o máximo era
dez).
Na Constituinte Temer também desempenhou o papel de
representante dos advogados e procuradores. Nesta posição, conseguiu a
aprovação do artigo 133, que dispôs que "o advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei." Quanto aos procuradores,
atuou para separar os afazeres da Procuradoria-Geral da República, que era
incumbida de defender o Poder Executivo Federal e dar pareceres. Com as
alterações, a Advocacia-Geral da União ficou responsável pela defesa do
Executivo, enquanto a PGR por dar pareceres.
Em 1987, Temer quase deixou o PMDB para ser fundador do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Ele tinha proximidade com
fundadores do PSDB, como José Serra, FHC e Mário Covas. No entanto, decidiu
permanecer no PMDB após um conselho de Montoro, que o disse: "No PSDB, a
fila vai ser grande para você."
Nas eleições de 1990, candidatou-se à reeleição e recebeu 32
mil votos, obtendo novamente a suplência. Em abril de 1991, foi reconduzido ao
cargo de Procurador-Geral do Estado pelo governador Fleury Filho. Em 8 de
outubro de 1992, seis dias após o Massacre do Carandiru, foi nomeado por Fleury
para comandar a secretaria de Segurança Pública. Temer esquivou-se quando
perguntado acerca de sua avaliação do desempenho de seu antecessor no cargo,
Pedro Franco de Campos, frente a matança. Ele disse que, como não tinha
acompanhado os episódios na hora em que eles ocorreram, era "muito difícil
avaliar a situação". Sua segunda gestão na secretaria foi voltada a
acalmar os ânimos na Polícia Militar, que estava sendo criticada pelo
massacre. Entre as medidas tomadas, obrigou os policiais envolvidos em
confrontos resultantes em mortes a passar por tratamento psiquiátrico e impôs a
realização do exame residuográfico nas mãos de criminosos mortos. No final de
1993, assumiu a secretaria de Governo, e, em 5 de abril de 1994, deixou a
secretaria de Segurança Pública. Em 6 de abril de 1994, Temer voltou a ser
deputado federal.
Deputado federal (1995 a 2010)
Mandato de 1995 a 1997
Embora tenha sido cotado para ser o candidato peemedebista
ao governo de São Paulo na eleição de 1994, não recebeu o apoio de Fleury.
Neste contexto, Barros Munhoz foi o candidato a governador, e Temer elegeu-se
deputado federal com 70,9 mil votos — vindos principalmente da Grande São Paulo
e de Tietê. No segundo turno ao governo paulista, apoiou Mário Covas. Com a vitória de Fernando Henrique Cardoso para presidente, foi indicado por
integrantes da bancada do PMDB para o Ministério da Justiça, mas não contou com
o apoio de Fleury. O PMDB optou por apoiar FHC, mas algumas alas eram
contrárias a esta posição; Temer, ligado a Orestes Quércia, defendeu a
independência.
Temer assumiu seu primeiro mandato como deputado federal
eleito em 1.º de fevereiro de 1995. Indicado pela ala quercista, foi escolhido
líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Em março de 1995, afirmou que,
levando em conta a proporcionalidade, seu partido deveria possuir mais cargos
no governo FHC. Um mês depois, sugeriu que o PMDB rompesse com o governo se as
reivindicações regionais de seus congressistas não fossem ouvidas. Ao longo
daquele ano, Temer afastou-se de Quércia e acompanhou a posição governista nas
votações de emendas constitucionais. Desta forma, votou favoravelmente a quebra
do monopólio estatal das telecomunicações, do término do monopólio da Petrobras
na exploração de petróleo, e ao fim do monopólio dos estados na distribuição de
gás canalizado.
Em março de 1996, foi indicado pelo governo para a relatoria
da reforma da previdência, substituindo o deputado Euler Ribeiro, cuja proposta
havia sido derrotada por um grupo de dissidentes peemedebistas que defendia a
manutenção da aposentadoria por tempo de serviço, enquanto Ribeiro sugeriu a
aposentadoria por tempo de contribuição. Temer usou como base de seu relatório
o projeto criado pelo Ministério da Previdência e as emendas propostas. Devido
a diversas irregularidades constatadas em seu processo de aposentadoria como
procurador, partidos oposicionistas solicitaram seu afastamento por o
considerarem eticamente impossibilitado, mas Temer permaneceu na função. A
proposta acabou sendo aprovada em primeiro turno no final de março de 1996.
Entretanto, nos meses seguintes, o governo sofreu alguns reveses, como o fim da
necessidade de idade mínima para aposentadoria e a igualdade de vencimentos
entre servidores ativos e inativos. Em junho daquele ano, votou favoravelmente
à criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF),
encaminhada pelo governo FHC.
Presidente da Câmara dos Deputados (1997 a 2001)
Em setembro de 1996, lançou-se candidato à presidência da
Câmara dos Deputados. Temer contava com o apoio do governo, o qual esperava em
troca o apoio do PMDB à emenda que autorizava uma reeleição consecutiva para o
Executivo, a qual Temer votou a favor em 28 de janeiro de 1997. Na disputa pelo
comando da Câmara, o PMDB possuía outros dois pretendentes ao cargo: Paes de
Andrade e Luís Carlos Santos, que acabaram retirando suas candidaturas. Em 5 de
fevereiro, Temer foi eleito presidente da Câmara com 257 votos, derrotando
Wilson Campos (PSDB-PE), que foi a escolha de 119 deputados, e Prisco Viana
(PPB-BA), o qual recebeu 111 votos. Com isso, efetivou-se a aliança do PFL
com o PMDB, a qual previa a rotatividade dos dois partidos na presidência da
Câmara; em 1995, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) havia sido eleito. Sua vitória
garantiu a FHC uma significativa influência na Câmara. Além de aliado do
governo, na época Temer era um dos maiores defensores dos interesses do
presidente.
Temer começou seu mandato triplicando a verba de despesas
dos gabinetes e permitindo que os parlamentares aumentassem os honorários de
seus assessores. Com isso, cumpriu uma promessa de campanha, voltada
principalmente aos deputados de menor relevo. Ele manteve seu estilo de
negociador e esforçou-se em encaminhar projetos que interessavam o governo,
como as reformas administrativas e da previdência. Por outro lado, continuou
debatendo com os oposicionistas.
Em junho de 1997, Temer foi considerado por uma pesquisa do
DIAP o quarto parlamentar mais influente do Congresso Nacional. Na mesma época,
insatisfeito com as críticas do presidente Fernando Henrique Cardoso em relação
ao seu desempenho na Câmara, apoiou o movimento suprapartidário "Reage
Câmara", que tinha o propósito de tornar a Câmara dos Deputados mais
independente do Poder Executivo, além de criar uma agenda com assuntos que
interessassem o país.
Em agosto de 1998, usou sua influência política para
conseguir a liberação de verbas para os esforços de recuperação dos estragos
causados pelo El Niño em três de suas bases eleitorais: Tietê, Cerquilho e
Duartina. Naquele mês, ocupou interinamente durante quatro dias a presidência
após FHC e Marco Maciel viajarem. Temer voltou a ser presidente interino em
junho de 1999.
Em outubro, reelegeu-se deputado federal com 206,1 mil
votos, a maior votação do PMDB ao cargo de deputado federal em todo o país. Ao iniciar o novo mandato, em fevereiro de 1999, foi reeleito presidente da
Câmara dos Deputados. Como candidato único, Temer recebeu 422 de 513 votos
possíveis. Em 2001, ele também foi o presidente da Comissão de Finanças e
Tributação.
Em 1999, Temer rejeitou vários pedidos de abertura de
processo de impeachment contra FHC. Um desses pedidos baseava-se em uma
escuta telefônica em que o presidente autorizava André Lara a pressionar o fundo
de pensões do Banco do Brasil a participar em um dos consórcios do leilão de
privatização da Telebrás. No mesmo período, defendeu a preservação da
Justiça do Trabalho ao rejeitar a proposta do relator da reforma do Judiciário,
o então deputado Aloysio Nunes, que defendia o seu término.
Durante as discussões sobre a reforma política em 2000,
Temer defendeu o financiamento público de campanhas. Ele alegou que se trata de
um dispositivo que proporciona a igualdade de oportunidades. Para sua
sucessão à presidência da Câmara dos Deputados em 2001, apoiou o deputado
tucano Aécio Neves, que acabou sendo eleito.
Os seus dois mandatos consecutivos como presidente da Câmara
também foram marcados por conflitos públicos que teve com o senador ACM,
presidente do Senado à época. Temer acusou ACM de intrometer-se em assuntos da
Câmara, enquanto o senador classificou a gestão de Temer como
"desastrosa". Os congressistas chegaram a trocar algumas ofensas. A
mais famosa delas, em que ACM classifica Temer de "O mordomo de filme de
terror", continuou sendo lembrada décadas depois.
Mandato de 2001 a 2010
No primeiro semestre de 2001, lançou sua pré-candidatura ao
governo do estado de São Paulo para as eleições de 2002. Na Convenção Estadual
do PMDB em maio de 2001, o grupo que liderava, mais próximo a FHC, disputou com
o grupo de Orestes Quércia, de oposição ao governo federal. Temer e seus
aliados foram derrotados por 43% a 55%. Depois disso, o governador fluminense
Anthony Garotinho convidou o grupo de Temer a filiar-se no Partido Socialista
Brasileiro (PSB). Pela estratégia arquitetada, Temer apoiaria Garotinho para
presidente e seria o candidato do PSB ao Executivo paulista. Temer e seus
aliados também receberam convites para entrarem no PPS e no PTB. Porém, eles
prefeririam permanecer no PMDB. Em 9 de setembro do mesmo ano, Temer foi eleito
presidente Nacional do PMDB com quase 60% dos votos, derrotando o senador
goiano Maguito Vilela, o representante da ala do partido que apoiava a candidatura
de Itamar Franco à presidência.
Em outubro de 2002, foi reeleito deputado com 252 mil votos.
Na disputa presidencial, apoiou José Serra. Temer chegou a ser cogitado para
ser o vice de Serra. O empecilho era de que Temer e Serra são paulistas e o
PSDB queria um vice nordestino, como o peemedebista Jarbas Vasconcellos.
Contudo, Jarbas preferiu candidatar-se a governador, abrindo a vaga a Rita
Camata.
Com a vitória de Lula (PT), Temer começou as negociações
antes mesmo da posse para que seu partido fizesse parte do novo governo. No
entanto, as negociações feitas entre Temer e José Dirceu foram vetadas por
Lula, que mantinha antipatia por Temer. O recém-eleito presidente preferiu
manter uma união informal com o grupo ligado a Sarney e Renan Calheiros. Em
maio de 2003, o PMDB passou a fazer parte oficialmente da base de apoio do
presidente Lula.
De 2003 até 2007, integrou a comissão Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania, a mais poderosa da Câmara. Em março de 2004,
reelegeu-se presidente do PMDB para mais um mandato de dois anos. Naquele
momento, defendeu que o PMDB tivesse candidatos próprios às prefeituras nas
eleições municipais de 2004, bem como aos governos estaduais e à presidência
nas eleições de 2006. Na eleição municipal de São Paulo em 2004, foi o
candidato a vice-prefeito de Luiza Erundina (PSB). Eles receberam 244 mil
votos (3,96%) e ficaram na quarta colocação. No segundo turno, permitiu que
os diretórios zonais peemedebistas apoiassem a candidatura de José Serra, que
foi eleito.
Em setembro de 2005, com a renúncia de Severino Cavalcanti,
então presidente da Câmara dos Deputados, Temer tentou articular para novamente
presidir a Casa. Entretanto, ele enfrentou resistência em setores de seu
próprio partido, como o senador Renan Calheiros, e do governo federal
petista. Neste cenário, ele renunciou à candidatura e pediu que sua bancada
votasse no oposicionista José Thomaz Nonô, que foi derrotado pelo governista Aldo
Rebelo por quinze votos.
No primeiro semestre de 2006, foi um dos maiores apoiadores
da candidatura própria do PMDB à presidência da República nas eleições daquele
ano. Contudo, em maio, em uma convenção extraordinária, os peemedebistas
escolheram o oposto. Desta forma, a candidatura do governador Anthony Garotinho,
o terceiro colocado nas pesquisas, ficou inviabilizada. Em julho de 2006, Temer
declarou apoio ao governador paulista Geraldo Alckmin e empenhou-se em sua
campanha. Quando Lula foi reeleito, aderiu e negociou a participação do PMDB no
segundo governo do presidente. Na mesma eleição, foi reeleito para o seu quarto
mandato consecutivo com 99 mil votos, a menor votação de seu partido em São
Paulo.
Em fevereiro de 2007, apoiou a candidatura de Arlindo
Chinaglia à presidência da Câmara. Para isso, impôs que Chignalia e o PT o
apoiassem para a presidência da Câmara em 2009. Com o acordo feito, Chignalia
foi eleito até com o apoio de uma parte do PSDB.
Em março de 2007, em uma convenção boicotada por José Sarney
e Renan Calheiros, Temer foi reeleito para a presidência do PMDB com 80% dos
votos. Na época, prometeu possibilitar a candidatura própria de seu partido à
presidência da República em 2010.
Quando Renan Calheiros envolveu-se em um escândalo de
corrupção que ficou conhecido como Renangate, em junho de 2007, Temer prometeu
que não o abandonaria. No final, Renan escapou da cassação de seu mandato de
senador, em uma votação que o PMDB garantiu os votos necessários para
absolvê-lo. Ainda naquele ano, após uma reunião com Lula, o PMDB passou a integrar
oficialmente o governo. Com isso, o partido ganhou mais dois ministérios e
dezenas de cargos diretivos em estatais.
Presidente da Câmara dos Deputados (2009 a 2010)
m 2 de fevereiro de 2009, foi eleito presidente da Câmara
dos Deputados pela terceira vez. Contando com o apoio de quinze partidos, que
iam do PSDB ao PT, recebeu 304 votos, contra 129 de Ciro Nogueira (PP-PI) e 76
de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Com o apoio de Lula, Temer era visto como o
candidato favorito desde o início do processo eleitoral.
Em seu terceiro mandato, impediu que as medidas provisórias
editadas pelo Executivo trancassem a pauta. Para tanto, proporcionou uma nova
interpretação constitucional: uma MP somente trava a votação de matérias que
podem ser objeto de medida provisória. Consequentemente, votações como PECs e
projetos de lei complementar não poderiam ser barradas.
Em abril de 2009, em meio ao escândalo das passagens aéreas,
foi revelado que em janeiro de 2008 Temer viajou com familiares e amigos para
Porto Seguro, na Bahia, com os voos sendo custeados por sua cota parlamentar
(dinheiro público). Sua assessoria reconheceu o uso para familiares, mas alegou
que na época ele agiu conforme as regras da Câmara dos Deputados. Este
escândalo levou Temer a proibir viagens internacionais e a limitar o uso do
benefício a parlamentares e seus assessores.
Em outubro de 2009, Temer foi indicado pelo DIAP como o
parlamentar mais influente do Congresso Nacional. Este ranking foi feito com
base na opinião dos "100 Cabeças do Congresso", que são congressistas
escolhidos pelo DIAP com base em critérios do departamento. Dos cem
congressistas, 75 votaram e Temer recebeu 51 votos, seguido por Henrique
Fontana (com 28), Cândido Vaccarezza (com 23) e Ronaldo Caiado (com 22).
Em dezembro de 2009, seu nome foi citado 21 vezes na
Operação Castelo de Areia, que investigou supostos crimes financeiros e lavagem
de dinheiro no Grupo Camargo Corrêa. Em planilhas da empreiteira, Temer foi
citado ao lado de quantias que chegaram a 345 mil dólares americanos entre 1996
a 1998. Ele defendeu-se afirmando que recebeu apenas doações legais da Camargo
Corrêa, mas nenhuma de suas doações declaradas à Justiça na eleição de 1998 foi
da empresa.
Ainda em dezembro de 2009, foi citado como beneficiário do
escândalo do Mensalão no Distrito Federal. Em um dos vídeos divulgados pelo
site Congresso em Foco, o empresário Alcyr Collaço afirmou ao secretário Durval
Barbosa que Temer recebia 100 mil reais mensais do governador José Roberto
Arruda em troca de apoio político. Segundo Collaço, além de Temer, o
governador Arruda também pagava propina por apoio político aos deputados
peemedebistas Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Tadeu Filippelli. Na ocasião, Temer classificou sua citação como uma "vilania sem
tamanho" e "irresponsável e descabida". Os quatro
deputados também entraram com uma ação conjunta na Justiça contra Collaço por difamação
e injúria.
Vice-presidente da República
Eleição presidencial de 2010
No final de 2009, o presidente Lula defendeu que o PMDB
deveria fazer uma lista tríplice de nomes para a escolha da candidatura a
vice-presidente da ministra Dilma Rousseff, esperada para ser a candidata
governista à presidência na eleição de 2010. Lula também defendia que era Dilma
quem deveria escolher seu vice, e não o PMDB. O ministro Edison Lobão e o
presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o preferido e com a confiança
de Lula, também foram cotados para serem vices na candidatura
governista. Nem Lula nem Dilma preferiam que Temer fosse o candidato; na
visão deles, além de não agregar eleitores, ele era "voraz em demasia
quando reivindica posições para o partido". No entanto, Temer mantinha
um controle total no PMDB e apenas permitia que ele próprio fosse o candidato a
vice-presidente de Dilma.
Em 6 de fevereiro de 2010, Temer foi reeleito por aclamação
como Presidente Nacional do PMDB. Em relação a disputa presidencial, ele
defendia que era unicamente o PMDB quem deveria escolher o candidato à
vice-presidência de Dilma. Além disso, ao mesmo tempo em que manteve
ligações com o também presidenciável José Serra (PSDB-SP), Temer trabalhou
intensamente para que seu partido indicasse o vice de Dilma. Em 5 de maio,
durante um jantar, Dilma convidou oficialmente Temer para ser seu vice. No
mesmo encontro, eles decidiram juntar esforços para construir alianças estaduais.
Apesar de não ser visto com entusiasmo pelo Planalto, Temer tinha a capacidade
de conseguir o maior número de forças políticas para a coligação.
Em 12 de junho, Temer foi oficialmente indicado o candidato
a vice da chapa de Dilma pelo PMDB, após derrotar por larga margem a ala do seu
partido liderada pelo senador gaúcho Pedro Simon que defendia candidatura
própria.
No período da pré-campanha, quando foi questionado como
seria sua atuação como vice-presidente da República, afirmou: "Serei vice nos
limites da Constituição. Quando ocupo um cargo, cumpro a tarefa Constitucional.
Serei extremamente discreto, como convém a um vice." Ao chamar a
atenção para um potencial problema da união PT–PMDB em um futuro governo, o
historiador Luiz Felipe de Alencastro disse: "Uma presidenciável
desprovida de voo próprio na esfera nacional, sem nunca ter tido um voto na
vida, estará coligada a um vice que maneja todas as alavancas do Congresso e da
máquina partidária peemedebista."
Em junho de 2010, Temer entregou para Dilma o programa de
governo do PMDB, denominado de "Programa para o Brasil – Tem muito Brasil
pela frente." Entre as medidas apoiadas pelo programa, estavam: a
manutenção da autonomia do Banco Central, da política de metas para a inflação,
do câmbio flutuante, e da responsabilidade e realismo fiscal. Além disso,
defendeu a ampliação do Bolsa Família, a extensão do Prouni e a aplicabilidade
da lei contra as invasões de propriedades rurais produtivas.
Durante o primeiro turno, Temer teve uma participação
discreta na campanha e não apareceu em nenhum programa eleitoral. No segundo
turno, entretanto, ganhou mais espaço e estreou no programa eleitoral em 20 de
outubro. Em sua fala, garantiu que Dilma teria uma sólida maioria e "condições
excepcionais" no Congresso para governar. De acordo com ele, se eleita,
Dilma teria o apoio de 350 deputados e metade dos senadores. Em 31 de
outubro, Dilma e Temer foram eleitos com 55,7 milhões de votos, ou 56,05% dos
votos válidos. Em 17 de dezembro, renunciou ao cargo de presidente da
Câmara, sendo sucedido pelo petista Marco Maia.
Primeiro mandato
Durante o período de transição, articulou a defesa dos
pedidos de nomeações de seu partido a Dilma, o que incluía pregar que o
PMDB deveria manter seus seis ministros de Estado. O PMDB acabou mantendo
seu espaço na Esplanada dos Ministérios, e dois ministros ligados a Temer foram
nomeados: Moreira Franco e Wagner Rossi. Temer afirmou que o PMDB ficou
"satisfeito" com os indicados pela presidente] Em 1.º de janeiro de
2011, tornou-se o 24.º vice-presidente do país.
Em fevereiro de 2011, Temer trabalhou pela recondução de
Marco Maia à presidência da Câmara dos Deputados. De forma bem-sucedida, Temer
procurou líderes oposicionistas para conseguir apoio a Maia. A oposição e o
governo concordaram em seguir a proporcionalidade das bancadas para a
distribuição dos cargos na mesa diretora da Câmara. O acordo também definiu que
haveria revezamento do PT e do PMDB no comando da Casa. Maia acabou sendo
eleito com mais de 70% dos votos.
No início de abril de 2011, foi revelado que Temer fazia
parte de um inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de ter recebido
propina de empresas prestadoras de serviços ao porto de Santos. A
acusação era conhecida desde 2000. Em novembro de 2002, o procurador-geral
Geraldo Brindeiro arquivou o processo por entender que não havia provas
suficientes, e, em 2006, a Polícia Federal abriu um novo inquérito sobre o
caso. Em maio de 2011, o ministro Marco Aurélio Mello excluiu Temer do
inquérito por compreender que não havia novos fatos contra o então
vice-presidente desde o arquivamento feito por Brindeiro. Temer negou que
tenha recebido propina.
A presidente Dilma incumbiu a Temer a coordenação do Plano
Estratégico de Fronteiras (PEF), criado por decreto em junho de 2011 para
aumentar a segurança nas fronteiras. Temer acompanhou as missões Ágata e
Sentinela e realizou reuniões de organização e avaliação das operações
desenvolvidas pelo PEF.
Com a saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa em
agosto de 2011, a presidente Dilma convidou Temer a substitui-lo. A
possibilidade de Temer assumir interinamente o posto também foi cogitada por
assessores do Ministério da Defesa. Após consultar colegas peemedebistas,
Temer recusou o convite para não perder espaço na atuação política, o que havia
acontecido com o vice-presidente José Alencar ao assumir o mesmo ministério.
Temer aderiu a um manifesto do PMDB contra o PT e o governo
em março de 2012. O texto protestava contra o projeto petista de eleger mais
prefeitos que os peemedebistas nas eleições daquele ano, e a um alegado uso da
estrutura governamental federal para que os petistas cumprissem seu
objetivo. Embora não declarado oficialmente, Temer participou de reuniões
que abordaram o conteúdo desse manifesto, que também pediu maior poder
político, dinheiro para as bases eleitorais, nomeações, maior participação e conhecimento
das ações do governo. Temer participou fisicamente em campanhas de
candidatos apoiados pelo PMDB nas eleições municipais. No segundo turno de
São Paulo, anunciou pessoalmente o apoio de seu partido a Fernando Haddad.
Em fevereiro de 2013, Temer atuou pela eleição do deputado
Eduardo Cunha para a liderança do seu partido, contrariando as vontades de
Dilma. Na época, Temer afirmou para a presidente que tinha o poder de controlar
Cunha. Depois de eleito, Cunha passou a importunar o governo, o que fez
com que Dilma reclamasse. Temer tentou neutralizar Cunha, mas admitiu que isto
não era possível. Posteriormente, oponentes de Temer consideraram que este era
um "jogo combinado" entre ele e Cunha.
Licenciado da presidência do PMDB desde que foi empossado
vice-presidente da República, Temer foi reeleito por unanimidade ao comando de
seu partido no início de março de 2013. Na Convenção Nacional do PMDB, a
presidente Dilma elogiou Temer e o classificou como um "grande parceiro",
apesar de não ter anunciado que ele seria seu vice na eleição de 2014. Temer
manteve-se afastado da presidência do PMDB, que continuou sendo exercida pelo
senador Valdir Raupp.
Nos protestos de junho de 2013, Temer manifestou-se
contrário a uma constituinte exclusiva para a reforma política. O
vice-presidente considerou a ideia "inviável" e classificou uma
constituinte como "rompimento da ordem estabelecida". A presidente Dilma, que não ouviu seu vice, propôs um plebiscito sobre a constituinte. O Planalto desistiu da ideia após conversar com Temer, Renan Calheiros, o
presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves, o presidente da Câmara.
Temer foi considerado pelo próprio partido uma peça
decorativa ao longo do primeiro mandato. Aliados de Dilma apelidaram o
vice de "aspirador de pó", pois, na visão deles, Temer só era usado
para limpar a "sujeira" e confusões com o PMDB. Na opinião de
deputados, Temer perdeu influência junto a Dilma na metade do primeiro mandato,
logo após gerar mais problemas do que soluções. Por outro lado, como forma de
prestigiá-lo, Dilma delegava a Temer viagens oficiais ao exterior.
Eleição presidencial de 2014
Na Convenção Nacional do PMDB, realizada em 10 de julho de
2014, foi confirmado que Temer seria novamente o vice de Dilma. A
presidente Dilma discursou na convenção e elogiou o vice: "Ele sabe
aproximar as pessoas, unir e desarmar os espíritos", disse Dilma. Os
40% de opositores à reedição da aliança, entretanto, foram mais altos que em
2010, quando apenas 15% eram contrários. A ala dissidente argumentou que o
governo Dilma não incluiu o partido nas decisões e criticou o comportamento dos
petistas de privilegiar as candidaturas próprias aos governos estaduais em vez
de formar alianças com o PMDB. Mesmo após esta decisão, algumas seccionais
estaduais apoiaram os oposicionistas Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB).
Em meados de julho, reassumiu a presidência do PMDB para
defender os interesses do partido nas eleições e ganhar mais
protagonismo. Em 26 de outubro, na disputa mais acirrada da história,
Dilma e Temer foram reeleitos para um segundo mandato com 51,64% dos votos
válidos, ou 54,5 milhões de votos, derrotando os senadores tucanos Aécio Neves
e Aloysio Nunes.
Segundo mandato
Dilma e Temer foram empossados para o segundo mandato no
início da tarde de 1.º de janeiro de 2015. Em 14 de janeiro, Temer convocou
a Executiva de seu partido a formalizar apoio a Eduardo Cunha na eleição à
presidência da Câmara dos Deputados. Ele também afirmou que apoiaria o
eventual candidato peemedebista à presidência do Senado e que filiados ao PMDB
que fossem citados na Operação Lava Jato deveriam "se explicar".
No final de janeiro, Temer confessou que as mudanças na
concessão do seguro-desemprego foram discutidas antes da campanha eleitoral de
2014. Todavia, defendeu a presidente Dilma, dizendo que ela não havia mentido
durante o período eleitoral.
Com a vitória de Cunha na eleição para a presidência da
Câmara no início de fevereiro, Temer declarou que ele estava disposto a
"colaborar" com o governo e não comprometeria a governabilidade da
presidente durante o segundo mandato. Em 7 de abril, poucas semanas
após os protestos antigovernamentais de 15 de março, a presidente Dilma nomeou
Temer o articulador político do governo. A Secretaria de Relações
Institucionais foi extinta e suas funções foram transferidas para a
vice-presidência da República. O objetivo de Temer na função era melhorar o
relacionamento do governo com o Congresso Nacional, principalmente com o
PMDB. Em relação a um dos principais anseios dos manifestantes, o impeachment
da presidente, Temer afirmou que era "impensável, geraria uma crise
institucional. Não tem base jurídica e nem política".
Como articulador político, Temer passou a acompanhar a
votação envolvendo todos os assuntos de interesse do governo no Congresso. Ele passou também a ser o responsável pela distribuição de cargos de confiança
no governo federal em troca de lealdade nas votações, arbitrar disputas antigas
por comando de estatais e negociar as emendas parlamentares. Conforme admitido
pela presidente, Temer foi fundamental para a aprovação de medidas do ajuste
fiscal. Quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rompeu publicamente com o
governo, em meados de julho, Temer tentou acalmar seus interlocutores afirmando
que a decisão de Cunha era individual e não refletia uma posição do PMDB.
Em 6 de agosto, um mês após dizer que não havia uma crise
política, Temer reconheceu a gravidade da crise política e econômica e disse
que era preciso que "alguém tenha a capacidade de unir o país". A frase causou estranhamento entre a presidente e o vice, e alguns ministros
petistas consideraram que Temer estava conspirando contra Dilma para assumir
seu cargo. Em 7 de agosto, colocou a coordenação política à disposição de
Dilma, mas ela rechaçou a oferta. Temer preparava sua saída do cargo após
ser desautorizado internamente e notar que a presidente havia tomado o controle
das negociações. Em 21 de agosto, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que
Temer estava disposto a deixar a articulação política para aproximar-se de
partidos oposicionistas, com vistas a conseguir o apoio do PSDB em um eventual
governo. Poucos dias depois, ele comunicou à presidente seu afastamento da
função. Em 2 de setembro, Dilma apelou a Temer para que retomasse a
articulação política, mas ele rejeitou a proposta. Em 6 de setembro, Temer
admitiu pela primeira vez que houve uma tentativa de "boicote" ao seu
trabalho como articulador.
Em 26 de setembro, Temer foi o personagem central do
programa partidário do PMDB. Em tom de "ultimato" ao
governo, o programa disse frases como "é hora de virar esse jogo" e
"deixar o estrelismo de lado". O governo ficou surpreendido
com o tom crítico dos peemedebistas, e ministros do PT avaliaram que Temer
apresentou-se como uma alternativa para assumir o poder. Em 2 de outubro,
Dilma fez uma reforma ministerial que deu maior poder ao PMDB para garantir o
apoio do partido no Congresso. No final daquele mês, o PMDB apresentou um
programa de governo antagônico. Além de críticas à política econômica, o texto,
chamado de "Uma Ponte para o Futuro", defendeu uma "agenda de
transição econômica".
Em 2 de dezembro, Cunha aceitou a abertura do processo de impeachment
de Dilma. No dia 4 de dezembro, Temer enviou uma carta a presidente Dilma
reclamando de sua distância das decisões do governo. A carta começou com o
provérbio em latim verba volant, scripta manent ("as palavras voam, os
escritos permanecem", em português). Em seguida, Temer descreveu a
comunicação como "pessoal", e citou uma série de queixas contra a
presidente. Temer escreveu que Dilma fez ele parecer um vice-presidente
"decorativo" e afirmou que estava convicto de que a presidente não
possuía confiança nele e no PMDB.
Em 12 de março de 2016, a Convenção Nacional do PMDB decidiu
que o partido esperaria trinta dias para decidir se romperia com o
governo. No entanto, durante esse período, nenhum político peemedebista
deveria aceitar cargos no Executivo. No mesmo evento, Temer foi reeleito
presidente do partido pela sexta vez com 96% dos votos totais. Em 17 de março,
Dilma afrontou esta decisão ao nomear o deputado Mauro Lopes para o
ministério. Em uma nota, Temer demonstrou irritação com a decisão de Dilma
e não compareceu na cerimônia de posse de Lopes e do ex-presidente Lula,
nomeado para a Casa Civil. Em 29 de março, com o apoio de Temer, o
PMDB decidiu por aclamação pelo rompimento com o governo.
Em 6 de abril de 2016, uma decisão judicial monocrática
proferida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal,
obrigou que a Câmara dos Deputados avaliasse o processo de impeachment contra
Temer apresentado pelo advogado Mariel Marley Marra, que alegava um suposto
crime de responsabilidade praticado pelo vice-presidente.
Em 11 de abril, um arquivo de áudio de Temer vazou na mídia.
No áudio, Temer falou como se o processo de impeachment já houvesse sido
aprovado e ele fosse então o novo presidente. Ele conclamou por um
"governo de salvação nacional" e refutou a tese de que cortaria
programas sociais. O vazamento ocorreu pouco antes da Comissão
Especial da Câmara dos Deputados votar o processo contra Dilma. O áudio
gerou acusações de traição e conspiração de Temer contra a presidente; a
própria Dilma o classificou vice como "chefe conspirador". Como
justificativa do vazamento, Temer alegou que enviou o áudio incorretamente a um
grupo de peemedebistas no WhatsApp. Para que o impeachment avançasse, Temer
passou a negociar pessoalmente com os líderes partidários o apoio ao
processo. Depois da aprovação da admissibilidade do processo pela
Câmara dos Deputados e com o iminente afastamento temporário de Dilma pelo
Senado, Temer começou a debater propostas e negociar cargos em seu governo.
Presidente do Brasil
Após o Senado instaurar processo de impeachment de Dilma em
12 de maio de 2016, Temer foi empossado interinamente na presidência da
República, convertendo-se no presidente mais idoso da história do país e o
primeiro descendente de árabes. No mesmo dia, empossou seu ministério, que era
composto por membros do PMDB, PP, PSDB, PSD, DEM, PRB, PPS, PV, PSB, PTB e PR.
O número de ministérios caiu de 32 para 23, nos quais não havia nenhuma mulher
e nenhum afro-brasileiro; era a primeira vez desde o governo Ernesto Geisel que
um ministério não contava com participação feminina. Na cerimônia de posse,
Temer defendeu a unificação do país, um "governo de salvação
nacional", medidas para superar a crise econômica, o reequilíbrio as
contas públicas, os programas sociais e a continuidade das investigações da
Operação Lava Jato.
Antes de assumir interinamente o governo, Temer já havia
atuado na presidência do país como substituto eventual do presidente da
República durante 102 dias. A primeira vez ocorreu em janeiro de 1998, enquanto
era presidente da Câmara dos Deputados. Como vice de Dilma, coube a Temer
substituí-la em 96 dias. Nestes períodos, ele assinou 202 decretos, 87
nomeações, 31 leis, vinte exonerações, dezesseis medidas provisórias e dois
vetos a leis aprovadas pelo Congresso (um integral e um parcial).
Em 2017, Temer tornou-se o primeiro presidente da história
do Brasil a ser denunciado ao Supremo Tribunal Federal no exercício do mandato,
por suspeita de corrupção passiva.
Vida pessoal
Temer foi criado por pais maronitas, mas atualmente se
considera católico apostólico romano. Entre dezembro 2001 e 2015, Temer foi
membro da maçonaria, chegando ao posto de "mestre" em janeiro de 2004.
Temer tem três filhas de seu casamento com Maria Celia
Toledo: Luciana (1969), e as psicólogas Maristela (1972) e Clarissa (1974).
Luciana possui doutorado em direito constitucional, trabalha como professora
assistente na PUC-SP e chefiou a secretaria municipal de Assistência e
Desenvolvimento Social de São Paulo na gestão de Fernando Haddad.
Desde 2003, é casado com Marcela Temer, ex-modelo, com quem
teve Michel, conhecido como "Michelzinho". Temer também é pai de Eduardo (nascido em
1999), fruto de um relacionamento com uma jornalista.
De acordo com documentos oficiais do governo americano, Temer foi um informante da embaixada dos Estados Unidos no Brasil e foi
descrito como um trunfo para os interesses das empresas americanas em vários
documentos diplomáticos que foram trazidos a público.
Da Wikipedia
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