sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

PAGAMENTOS SUSPEITOS

Filipe Coutinho, BuzzFeed News, Brasil
Pré-candidato à Presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) pagou, com verba da Câmara dos Deputados, as mesmas gráficas que aparecem como prestadoras de serviço nas suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014.
O cruzamento dos gastos de campanha e do gabinete mostra um padrão: perto da eleição, a mesma empresa que presta serviço ao candidato também é contratada por seu gabinete. Não existe impedimento legal para essa prática.
Foi assim, por exemplo, em 2010. Bolsonaro, o candidato, contratou a empresa MR Ceda, uma gráfica localizada em Bangu (RJ). O serviço custou R$ 25 mil e foi pago com o dinheiro das doações arrecadas na campanha.
Naquele mesmo ano, o gabinete de Bolsonaro na Câmara também contratava a mesma MR Ceda. Os pagamentos, contudo, não seguiram a mesma austeridade da campanha. Apenas em 2010, Bolsonaro gastou R$ 100 mil com serviços gráficos custeados pela Câmara – antes e depois da campanha.
No total, o gabinete gastou cerca de R$ 210 mil com a MR Ceda, entre 2010 e 2012.
Em 2014, essa empresa foi substituída pela Copyline – a mesma que também prestou serviços à campanha de Bolsonaro naquele ano.
Foram dois pagamentos justamente após as eleições, em novembro e dezembro, totalizando R$ 27 mil. Na campanha, foram R$ 60 mil. No total, seu gabinete já gastou quase R$ 130 mil com os serviços da empresa, entre 2014 e 2017.
Apesar de estar localizada em Irajá (RJ), a Copyline também foi escolhida para prestar serviços na campanha e no gabinete de um deputado federal eleito por São Paulo. Trata-se de Eduardo Bolsonaro (PSC), filho de Jair Bolsonaro.
Os números são mais modestos. Na campanha, R$ 14 mil. No gabinete, R$ 7,8 mil em 2015 e, no somatório até 2017, R$ 31 mil.
No total, pai e filho gastaram com essa empresa R$ 234 mil: R$ 74 mil pela campanha e R$ 160 mil pagos pelo contribuinte, via Câmara dos Deputados.
O BuzzFeed News enviou perguntas para a assessoria do deputado na tarde da terça-feira (9), mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para o deputado e este texto será atualizado assim que houver uma posição.
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