Rachel de Queiroz, a pioneira cearense
– foi a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, 1977 –
conhecida pelas belas histórias contadas em suas obras, o carinho que tinha
pelas palavras, seja nas crônicas, nas peças de teatro ou nos romances, ela era
uma mulher à frente do seu tempo. Até na politica Rachel de Queiroz enveredou e
teve uma vida intensa.
A consagrada carreira de escritora e
jornalista, parte dos brasileiros já conhece, mas, na política é desconhecida
pela maioria da população brasileira. Rachel se tornou membro do Partido
Comunista ao lado de amigos de sua geração, uma turma politizada e
‘comunizada”, como relatou ela na autobiografia Tantos Anos, de 1998. Foi presa
duas vezes.
Em 1931, após passar dois meses no Rio
de Janeiro – tinha ido receber o Prêmio Graça Aranha, dado a O Quinze – Rachel
volta ao Ceará, com credenciais do Partido Comunista, já politizada e com a
missão de promover e reorganizar o Bloco Operário e Camponês, movimento
político o qual ela tinha participado.
Rachel passou a fazer parte do Partido
Comunista, mesmo sem ter feito uma ficha, assinado alguma ata. Aliás, não se
podia deixar nenhum rastro de papéis, livros ou qualquer tipo de documento, a
polícia era brutal e se pegasse algum vestígio, levava todos para a cadeia: às
pessoas e os papéis. Com a chegada de Getúlio Vargas ao Rio, a polícia ficou
mais feroz.
Em 1937, com a decretação do Estado
Novo de Getúlio Vargas, os livros de Rachel de Queiroz foram proibidos e, num
fato marcante, várias de suas obras acabaram queimadas em praça pública em
Salvador (BA), junto a livros de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano
Ramos, todos classificados de subversivos.
O desligamento do Partido Comunista
aconteceu após ela ver censurado pelo próprio Partido o romance João Miguel. No
romance, João Miguel, ‘campesino’ bêbado, matava outro
‘campesino’. O aviso: só permitiria a publicação da obra, se Rachel fizesse as
modificações apontadas pelo presidente do Partido Comunista. Segundo o Partido,
a trama era carregada de preconceitos contra a classe operária.
Jamais se curvou as imposições feitas a
sua obra, Rachel de Queiroz não aceitou as tais modificações exigidas pelo
Partido Comunista, pegou o original que tinha datilografado e saiu em
disparada, como relatado por ela no capítulo O Rompimento, da autobiografia
Tantos Anos.
Em sua obra Caminho de Pedras (1937),
Rachel trata desse momento político que viveu no Partido Comunista, porque
fazer política na década de 20, ser comunista era muito perigoso. A ideia de
comunismo era distorcida e alguém que ousasse se apresentar como comunista
pagaria um preço alto, até com a própria vida.
Rachel de Queiroz faleceu dormindo em
sua rede, em sua casa no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 2003.
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