Haddad, provável substituto do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na cabeça da chapa presidencial do PT após o ex-presidente ter
sido barrado da disputa na semana passada, já havia sido acusado pelo MP de
improbidade administrativa e enriquecimento ilícito, além de ser alvo de uma
denúncia feita à Justiça Eleitoral com base no mesmo caso.
Segundo o MP, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu
ao então presidente da UTC, Ricardo Pessoa, que fizesse o pagamento da dívida
da campanha de Haddad com gráficas no valor de 2,6 milhões de reais, em troca
de um eventual favorecimento à empreiteira por parte da administração
municipal.
Vaccari e Pessoa, que já foram condenados em ações de
corrupção no âmbito da operação Lava Jato, também foram denunciados pelo MP
paulista, assim como o doleiro Alberto Youssef e o ex-deputado estadual pelo PT
Francisco Carlos de Souza.
Haddad rejeita a acusação e alega que Pessoa, cuja delação
ajuda a sustentar a ação do Ministério Público, está mentindo. Segundo ele, há
um componente eleitoral por trás das ações do MP a poucas semanas da eleição
presidencial de outubro.
“Surpreende que no período eleitoral, uma narrativa do
empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações
propostas pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-prefeito e candidato
a vice-presidente da República, Fernando Haddad. É notório que o empresário já
teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas
histórias de acordo com seus interesses”, disse a assessoria de imprensa do
candidato em nota nesta terça-feira.
Na semana passada, quando foi apresentada a denúncia por
improbidade administrativa, o ex-prefeito disse que contrariou interesses de
Pessoa.
“No meu caso ele tinha razão para mentir”, disse Haddad. “Eu
cancelei com 44 dias (de mandato) uma obra milionária da UTC e Odebrecht…
Porque eu cancelei? Porque meu secretário me disse que a obra estava
superfaturada.”
O candidato a vice-presidente também questionou o fato de ser
alvo de reiteradas denúncias neste momento.
“A gente fica pensando o que está por trás disso”, disse.
“Durante 24 anos o PSDB atua em São Paulo, tem escândalo em todo canto, não tem
nada ali que pare em pé e não há nada, nenhum procedimento.”
Haddad provavelmente vai substituir Lula na cabeça de chapa
do PT depois que o ex-presidente foi barrado da corrida ao Palácio do Planalto
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.
O ex-presidente, que está preso em Curitiba desde abril
cumprindo pena por condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de
dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), lidera as pesquisas de intenção de
voto.
Na ação de improbidade administrativa, o MP pediu suspensão
dos direitos políticos de Haddad de oito a 10 anos, entre outras punições.
Em nota, a UTC e seu acionista informam que “sempre
colaboraram, colaboram e continuarão a colaborar com as autoridades
responsáveis pelas investigações, processos administrativos e judiciais
relacionados às licitações com empresas e órgãos públicos”.
Da Reuters, via EXAME
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