Quando ele abre a boca é um desastre
O problema não é Bolsonaro meter-se em tudo e em qualquer
coisa. Lula chegou a opinar sobre o cardápio de comidas servidas pelo Itamaraty
em recepções oficiais. E Dilma em campanhas de propaganda do governo.
O problema é Bolsonaro vetar a exibição de um comercial de
TV do Banco do Brasil só porque a maioria dos personagens ali mostrados era negra,
jovem, e dançava rap. O diretor de marketing do banco perdeu o emprego por
isso.
O presidente do banco, não. Havia aprovado o comercial. Mas
ao receber um telefonema de reclamação de Bolsonaro, concordou com ele, proibiu
o comercial e pôs a culpa no diretor demitido em seguida.
Essa foi só mais uma trapalhada das tantas protagonizadas
pelo presidente da República desde que tomou posse. Cada uma delas subtrai ao
governo mais um naco de popularidade, conforme atestam as pesquisas.
No campo do comportamento, chamemos assim, Bolsonaro, ontem,
cometeu outra atrapalhada. Perguntaram-lhe sobre turistas estrangeiros atraídos
pela liberalidade dos costumes brasileiros. Então Bolsonaro respondeu assim:
– Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade.
Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro.
Ouviu de volta do escritor Paulo Coelho: “Mulheres
brasileiras não são uma commodity. Turismo sexual não é razão para visitar o
Brasil”.
Racismo “é a discriminação social baseada no conceito de que
existem diferentes raças humanas e que uma é superior às outras”.
Homofobia significa “aversão irreprimível, repugnância,
medo, ódio, preconceito que algumas pessoas, ou grupos nutrem contra os homossexuais,
lésbicas, bissexuais e transexuais”.
Misoginia “é a repulsa, desprezo ou ódio contra as
mulheres”.
Com essas e outras, Bolsonaro dá razão aos seus adversários
que o acusam de ser racista, homofóbico e misógino.
Segura essa, ô Flávio!
Me inclua fora!
O presidente Jair Bolsonaro chamou seu filho Flávio, o 01,
para uma conversa e avisou: se os rolos do Queiroz pesarem para o seu lado não
conte comigo. Arranje-se sozinho. Minha proteção como presidente não terá.
Daí o nervosismo do senador conferido pelo ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em um encontro recente. Flávio está uma
pilha, recolhido à máxima discrição. Teme o futuro do próprio mandato.
Para completar, a Justiça do Rio negou liminar pedida por
ele para suspender a investigação contra Queiroz. No pedido, Flávio apontou
razões parecidas com as apresentadas por ele antes e negadas pelo Supremo.
Não fosse Queiroz um ex-assessor de confiança de Flávio e
amigo de mais de 40 anos de Bolsonaro, e a essa altura já estaria preso. Mas
operado de um câncer no estômago, desapareceu. À justiça só deu explicações por
escrito.
É acusado de ter movimentado R$ 1,2 milhão em sua conta sem
ter renda suficiente para tal. Suas ligações com milicianos também estão sendo
apuradas. Ele empregou parentes de milicianos no gabinete de Flávio quando o 02
era deputado estadual no Rio.
Paulo Guedes agradece!
Pode sobrar também para Moro
Se pudesse, o ministro Paulo Guedes, da Economia, já teria
dito com todas as letras ao presidente Jair Bolsonaro: Se não quer ajudar na
aprovação da reforma da Previdência, pelo menos não atrapalhe tanto.
Para variar, Bolsonaro, ontem, tornou mais difícil a
aprovação da reforma nos termos pretendidos por Guedes. A reforma do ministro
prevê uma economia de 1 trilhão. Bolsonaro disse que Guedes aceita uma redução
para 800 bilhões.
Se de saída você admite um abatimento desse tamanho, imagine
o que não será obrigado a conceder mais tarde quando a negociação com o
Congresso começar para valer. Ou Bolsonaro é tosco ou está sendo desleal com
Guedes.
Com o ex-juiz Sérgio Moro ele foi desleal ao revelar que não
se opõe em devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
para o Ministério da Economia.
A principal função do Coaf é a de examinar e identificar
possíveis práticas relacionadas à lavagem de dinheiro, corrupção e
financiamento do terrorismo.
Uma das condições exigidas por Moro para assumir o
ministério da Justiça e da Segurança Pública foi ter o Coaf sob seus cuidados.
Bolsonaro concordou sem pestanejar. Agora, fraqueja.
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