segunda-feira, 29 de abril de 2019

O MOTORISTA DO BRASIL

Leandro Colon, Folha de S.Paulo
“Decisão nossa: não teremos mais nenhuma nova lombada eletrônica no Brasil”, declarou o presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de março. Segundo ele, “é quase impossível viajar sem receber uma multa”.
Na visão do chefe da República, o problema não é o motorista imprudente, mas o suposto excesso de vigilância com objetivo de dar lucro a quem explora o setor.
Dias depois daquela declaração, o governo anunciou o envio ao Congresso de projeto para aumentar de 20 para 40 pontos o limite exigido para a suspensão da carteira de habilitação, em um período de 12 meses. 
Bolsonaro já tentou, sem sucesso, emplacar uma proposta parecida quando era deputado. Além de diminuir o rigor da punição, ele pretende aumentar o prazo de renovação da CNH de cinco para dez anos.
Reportagem publicada pela Folha neste domingo (28) mostrou que a família do presidente está longe de ser um exemplo de boa conduta no trânsito. Tem de tudo nos prontuários: avanço no farol vermelho, excesso de velocidade, estacionar em local proibido, falar ao telefone durante a viagem e falta de licenciamento.  
A primeira-dama, Michelle, e Flávio Bolsonaro, senador e filho do presidente, estouraram o limite de 20 pontos. O Detran-RJ alega que ainda não abriu processo para suspender a carteira da mulher do presidente por causa de um inacreditável passivo de 697 mil ações do tipo.
Em cinco anos, Bolsonaro cometeu seis infrações, duas delas “gravíssimas”. O presidente, segundo os registros do Rio, trafegou em uma faixa exclusiva para ônibus, em Niterói.
Bajulado com motoristas e carros oficiais, Bolsonaro nem precisa dirigir mais. Mesmo assim, conseguiu a proeza de cometer uma infração ao dar uma escapada de moto no Guarujá no feriado de Páscoa. 
Folha mostrou que caiu o número de mortes onde há radares. Bolsonaro não está nem aí. Age com
argumentos e teorias que muitas vezes não fazem sentido. Dirige o país como ele e sua família conduzem os próprios carros.
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