Durou uma semana a
boa impressão que João Doria (PSDB-SP) deixou ao chamar de "inaceitável" as insinuações
levianas do presidente Jair Bolsonaro sobre
o pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB. "Foi uma declaração
infeliz", criticou na ocasião.
Bem mais infeliz,
verdade, do que seu tuíte sobre a transferência (vetada
pelo STF) do ex-presidente Lula para um presídio em São Paulo, mas que, por
sua vez, não deixa de ser também infeliz. Ao responder a provocação da deputada
Gleisi Hoffmann (PT-PR), que afirmou que "a segurança e a vida do
presidente Lula estarão em risco sob a polícia de João Doria", o
governador desceu um nível na escala da civilidade.
Apelou a uma
daquelas frases nível Johnny Bolsonaro Bravo: "O
seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais
fez na vida: trabalhar". Tsc, tsc, tsc. Diria que é papinho de
lavadeira, mas, coitadas das lavadeiras.
Há formas mais
inteligentes de pavimentar seu caminho como alternativa antipetista sem cair na
baixaria bolsonarista, estratégia já adotada por outro que se colocou na
corrida de 2022. Wilson
Witzel (PSC- RJ), governador do Rio, é adepto da mesma retórica de
Jair, autor de pérolas como, "não sai de fuzil na rua, troca por uma
Bíblia. Se você sair, vamos te matar".
Doria já
protagonizou no passado episódios em que o debate político descambou e
alimentou essa barbárie que nossa política vive. Ao disputar parte do mesmo
eleitorado centro-direita, precisa decidir se quer jogar esse mesmo jogo
grotesco que ajudou a eleger Bolsonaro ou irá se diferenciar de alguma forma e
tentar conquistar os que estão exaustos dessa polarização.
Ao optar pelo
bate-boca, João Doria não apenas sai perdendo, porque Bolsonaro já provou que é
imbatível no estilo incontinência verbal, mas porque reforça a imagem que
muitos eleitores têm dele: farinha do mesmo saco.
Mariliz Pereira Jorge
Jornalista e
roteirista de TV.
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