O Supremo
Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (7), por 10
votos a 1, a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo. Apenas o ministro Marco
Aurélio Mello votou contra.
Por maioria, os ministros decidiram manter o petista preso
na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, até que a Segunda Turma do
tribunal conclua a análise de um pedido
de suspeição do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro,
no julgamento do processo do triplex de Guarujá (SP). O julgamento foi
adiado em junho após um pedido de vista (mais tempo para analisar
o caso) do ministro Gilmar Mendes e ainda não tem data definida para ser
retomado.
Mais cedo nesta quarta-feira, o juiz Paulo Eduardo de
Almeida Sorci, da Justiça estadual de São Paulo, mandou
o ex-presidente cumprir pena no presídio de Tremembé.
A decisão foi tomada horas depois de a juíza federal do
Paraná Carolina Lebbos ter determinado
a transferência de Lula da superintendência da Polícia Federal em
Curitiba para um estabelecimento prisional de São Paulo. Para evitar a ida do
petista para um presídio comum, a
defesa de Lula recorreu ao Supremo pedindo que ele fosse libertado
ou mantido em uma cela especial.
Após receber no Supremo parlamentares da oposição que
criticavam a possível ida do ex-presidente para uma penitenciária, o presidente
do tribunal, ministro Dias Toffoli, decidiu submeter o recurso de Lula ao
plenário, em caráter de urgência, durante a sessão desta quarta.
Relator da Lava Jato no STF, o ministro Edson Fachin foi o
primeiro a votar. Ele se posicionou a favor de parte do pedido da defesa de
Lula, no trecho que solicitava que a decisão da juíza do Paraná fosse suspensa
e o petista fosse mantido em uma cela especial.
Fachin rejeitou apenas o pedido da defesa para que o
ex-presidente fosse libertado. O voto dele foi acompanhado por outros nove
magistrados.
Ao se manifestar sobre o caso no plenário do STF, a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu que Lula não fosse
transferido para um presídio comum. Ela se manifestou a favor de o petista
continuar preso na superintendência da PF na capital paranaense ou em uma cela
especial, de sala de estado maior, em São Paulo.
Queima de etapas
Único ministro a votar contra a recomendação de Fachin,
Marco Aurélio Mello argumentou que a decisão de manter Lula em uma cela
especial não caberia ao plenário do Supremo, e sim à Segunda Turma do tribunal,
colegiado composto por 5 dos 11 magistrados da Corte.
Ele ressaltou que há um habeas corpus protocolado pela
defesa de Lula à espera de análise dos ministros da Segunda Turma e questionou
se é possível "queimar-se etapas".
"Não posso conceber que este tribunal endosse a queima
de etapas, por pior que seja o objetivo, e nós aprendemos desde sempre que, no
direito, o meio justifica o fim, não o fim justifica o meio."
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