A procuradora Deborah Duprat é conhecida por defender os
direitos humanos e o respeito às minorias. Sua independência honra o Ministério
Público,
mas tem incomodado o governo Bolsonaro.
mas tem incomodado o governo Bolsonaro.
Nos últimos meses, Duprat se opôs a medidas como a liberação
do porte de armas, a nomeação de militares para a Comissão de Anistia e a ordem
para comemorar o golpe de 1964 nos quartéis. Foi retaliada com ataques e
tentativas de intimidação.
Em abril, sete deputados do PSL se organizaram para
torpedeá-la na Câmara. Em agosto, um deles pediu a abertura de processo
disciplinar contra a procuradora. Alegou que ela exerceria “atividade
político-partidária” ao emitir notas técnicas contra projetos que considera
inconstitucionais.
Na segunda-feira, Duprat levou uma rasteira em sua própria
instituição. Sem aviso, o procurador-geral Augusto Aras decidiu removê-la do
Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Nomeou para seu lugar o
procurador Ailton Benedito, que se notabilizou pela militância bolsonarista nas
redes.
A troca surpreendeu as organizações da sociedade civil que
integram o conselho. Em nota, 176 entidades acusaram Aras de praticar um “ato
autoritário”. “Não é natural extinguir conselhos de participação, não é natural
cassar mandatos de conselheiros, não é natural nomear presidentes biônicos”,
afirma o documento.
O procurador-geral não agiu sozinho. Articulou a manobra
coma ministra D amares Alves, que representa a bancada evangélica no governo.
Duprat assumiria a presidência do CNDH em janeiro. Com seu afastamento, o cargo
deverá ser entregue a um aliado do Planalto.
“Há uma intenção clara deferira autonomia do conselho. O que
parece é que o procurador-geral da República está a serviço do governo”, diz o
atual presidente do órgão, Leonardo Pinho.
Coma tomada do CNDH, o bolsonarismo dá mais um passo para
esvazia recapturar os órgãos de controle. Sem freios, o governo continua a
seguir a cartilha dos regimes autocratas. Desta vez, coma ajuda do chefe do
Ministério Público Federal.
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