SOB BOLSONARO, CRESCIMENTO E DESIGUALDADE ESTARÃO NO CENTRO DO DEBATE
Steve Werner já votou no Partido Democrata, mas fez campanha para Donald Trump em 2016. Ele era um dos trabalhadores que, diante de dificuldades econômicas, entraram em greve numa fábrica de caminhões da Pensilvânia, em outubro.
Steve Werner já votou no Partido Democrata, mas fez campanha para Donald Trump em 2016. Ele era um dos trabalhadores que, diante de dificuldades econômicas, entraram em greve numa fábrica de caminhões da Pensilvânia, em outubro.
Sem ligar para os dados que indicavam um aumento da
desigualdade nos EUA, o operário estava convencido de que era preciso dar mais
quatro anos para o presidente americano. Ele disse aos repórteres Marina Dias e
Lalo de Almeida que, num segundo mandato de Trump, todos os americanos começariam
a sentir os benefícios da melhora da economia.
Personagens da série “Os Americanos”, da Folha, mostram que
o crescimento econômico e a distribuição de renda agem como vetores diferentes
em determinados grupos do eleitorado. Num Brasil em recuperação, esses
elementos também estarão no centro do debate político.
A oposição fez sua aposta. Lula e outros líderes de esquerda
sabem que Jair Bolsonaro deve ser favorecido pela melhora gradual no PIB. Eles
investem, então, na ponta da distribuição desse crescimento.
Para os rivais de Bolsonaro, a retomada sob um regime de
aperto fiscal deve ser marcada pelo achatamento de gastos sociais e pela
geração de empregos de menor qualidade. Os efeitos da recuperação, portanto,
seriam mais lentos para os mais pobres e para a classe média.
O próprio ministro Paulo Guedes se antecipou, em entrevista
à GloboNews na semana passada: “Não olhe para nós procurando o fim da
desigualdade social. Nos dê um tempinho. Nossa tentativa é diferente”.
Ainda assim, o presidente pode tirar proveito de uma
sensação de bem-estar quando os ponteiros da economia se mexerem com mais
vigor. A comparação com a fase recente de recessão é seu principal trunfo.
Bolsonaro aprendeu com seu ídolo americano que pode
mobilizar o eleitorado com pautas simbólicas enquanto os efeitos da economia
não chegam a todos. Essa é sua estratégia para que os brasileiros lhe deem mais
quatro anos no poder.
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