O presidente Jair Bolsonaro desmaiou e por isso caiu e bateu
com a cabeça no chão do banheiro da área residencial do Palácio da Alvorada? Ou
apenas caiu por que escorregou ou tropeçou em alguma coisa? Essa era a pergunta
que muitos se faziam, ontem à noite, em Brasília, e que estava sem resposta até
esta madrugada.
Se ele caiu por ter desmaiado, o caso pode inspirar maiores
cuidados. Levado às pressas para o Hospital das Forças Armadas, uma tomografia
computadorizada não detectou alterações no seu crânio, segundo nota oficial do
governo. Ficaria em observação por 6 ou 12 horas, devendo ser liberado logo em
seguida.
Com 64 anos de idade, Bolsonaro sempre gozou de boa saúde.
Quando serviu ao Exército ganhou o apelido de “cavalão”, tal era sua disposição
física que lhe rendeu boas notas em competições esportivas. Foi elogiado muitas
vezes por seu desempenho. Arriscou a vida para salvar um colega paraquedista
que se afogava.
Não tivesse levado a facada que quase o matou em Juiz de
Fora, estaria em forma. A facada pode tê-lo ajudado a se eleger presidente, mas
fragilizou seu corpo e principalmente sua mente. Foi operado mais de uma vez em
menos de um ano. Usa uma tela para proteger seu abdómen. Sente dores com
frequência.
Ter visto a morte de perto mexeu muito com sua cabeça. Vive
assombrado. Receia ser alvo de um novo atentado. Enxerga perigo por toda parte.
Presidente algum desde a redemocratização do país escolheu ser refém de um
aparato de segurança tão gigantesco como o que o protege. Apesar disso, ele
cobra sempre mais.
Quando Bolsonaro fala que só será candidato à reeleição se
sua saúde permitir, não está blefando. Muito menos se vitima para atrair mais
votos. De fato, ele não parece nem um pouco disposto a pôr sua vida novamente
em risco para exercer por mais quatro anos uma tarefa que tanto o desagrada.
Sua intenção inicial ao lançar-se candidato a presidente era
ajudar os filhos em suas carreiras políticas. Não imaginava que venceria. Na
hora que sua vitória foi anunciada, teve uma crise de choro. Mais tarde,
confessou que se sentia esmagado pelo que acabara de acontecer. Sabia que
carecia de preparo para o novo ofício.
Os filhos Flávio e Eduardo tiveram votações expressivas nos
rastros do pai. Mas um ano depois, Flávio está cada vez mais enroscado com a
Justiça, e Eduardo frustrado por não ser embaixador do Brasil em Washington. A
família jamais se sentiu tão acuada. Natural que o patriarca sofra com tudo
isso.]
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